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Interior

Indígena é alvo de atentado e ferido com dois tiros em área de confronto

Vitorino Sanches foi alvejado por tiros de pistola hoje em Amambai; ele está no hospital fora de perigo

Silvia Frias e Helio de Freitas, de Dourados | 01/08/2022 14:14


O indígena Vitorino Sanches, 60, foi alvo de atentado a tiros nesta segunda-feira (1º) em Amambai, a 351 km de Campo Grande. Pelo menos 15 tiros de pistola foram disparados em direção à caminhonete dele, uma Toyota Hilux preta.

Vitorino foi atingido no braço esquerdo e levado para o Hospital Regional de Amambai, onde permanece internado, mas fora de perigo. Ex-candidato a vereador, Vitorino é comerciante na aldeia.

Embora ainda não esclarecido, o atentado é mais um capítulo do clima de guerra instalado em Amambai após a ocupação da Fazenda Borda da Mata, onde o indígena Vito Fernandes, 42, foi morto por policiais do Batalhão de Choque da PM, no dia 24 de junho.

A entidade de luta pela causa indígena Aty Guasu classificou o atentado contra Vitorino Sanches como genocídio e terrorismo contra o povo guarani-kaiowa.

Segundo a Aty Guasu, Votorino foi alvejado na entrada da “Aldeia Guapo’y Amambai”.  “Pedimos justiça, segurança e investigação federal com urgência. Chega de matar nós Guarani-Kaiowa. Pedimos proteção”, cobrou a entidade em nota divulgada em rede social.

O atentado ocorre um dia após a eleição para escolha de novo capitão (espécie de líder político da aldeia), ocorrida neste domingo (31). A chapa formada pelo líder Arsênio Vasques (capitão) e a professora Lurdelice Moreira Nelson (vice-capitã) foi eleita com 1.040 votos.

A reportagem apurou que existem suspeitas de que o atentado de hoje seja reflexo da disputa interna. O ex-capitão João Gauto, destituído pela comunidade após ser acusado de ter insuflado o confronto de junho, ficou em segundo com 304 votos. O candidato Gabriel Rodrigues teve 69 votos.

A eleição organizada pelo MPF (Ministério Público Federal) ocorreu sob forte segurança da Polícia Federal, que planejou e coordenou as ações para garantir o livre exercício do voto e a segurança das autoridades presentes durante a votação e a contagem dos votos.

Pelo menos 70 agentes da PF, policiais militares e homens da Força Nacional de Segurança Pública participaram do policiamento ostensivo, rondas periódicas, eliminação de obstruções e manifestações, além de controle do fluxo de acesso ao local de votação.

Na semana passada, escolas da aldeia suspenderam as aulas por três dias após boato sobre suposto massacre de alunos circular através de grupo de conversa de aplicativo. Moradores da aldeia afirmam que o clima é de tensão e medo de novos ataques.

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