Cacique de aldeia tem casa depredada e familiares agredidos por 45 homens
À polícia, João Gauto relatou que pelo menos um dos agressores estava armado
A tensão na aldeia indígena de Amambai teve mais um capítulo nesta segunda-feira (11). Cerca de 45 homens depredaram a residência e agrediram familiares do cacique João Gauto, durante a madrugada. Quatro familiares do capitão da aldeia, com idades entre 33 e 71 anos, ficaram feridos.
A suspeita é de que os agressores integram o grupo indígena que pede a destituição de João Gauto do posto de capitão da aldeia. Isso porquê a liderança teria sido contrário a invasão da Fazenda Borda da Mata, no dia 24 de junho, que é situada ao lado da aldeia e é reivindicada como sendo a terra Guapoy.
O grupo que ocupou a fazenda também acusa Gauto de ter mentido para a polícia sobre suposto envolvimento deles com o tráfico de drogas.
À polícia, Gauto relatou que pelo menos um dos agressores estava armado. O grupo chegou ao imóvel por volta da 1h desta segunda-feira, disse o capitão. Na delegacia, João Gauto ainda informou o nome do suposto autor à Polícia Civil. A reportagem não conseguiu contato com o cacique por telefone.
Imagens adquiridas pelo jornal A Gazeta News, mostram janelas e para-brisa de um veículo danificados, possivelmente a pedradas. Também é possível ver os hematomas no rosto e cabeça de algumas das vítimas. O ataque foi denunciado à Polícia Civil de Amambai, que registrou o caso como lesão corporal.
Pressão - Apesar da pressão dos indígena e de entidades do movimento, o capitão promete ficar no cargo e chegou a enviar ofício à Funai (Fundação Nacional do Índio) na última semana, repudiando a conduta do CIMI (Conselho Missionário Indígena), assembleia Aty Guasu, e APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) por quererem que ele deixe o comando da aldeia de Amambai. Eleito em 2020, João Gauto deve ficar no cargo até 2024.
“Eu como liderança, que fui eleito democraticamente por um mandato de 4 anos, continuo na liderança, e ainda informo a todos que em respeito à comunidade irei cumprir o meu mandato e depois terá uma nova eleição, onde será escolhido uma nova liderança. Durante o meu mandato, não compactuaremos tais condutas, onde somente um grupo oposto a minha gestão autodeclarou uma nova liderança”,disse o capitão no ofício encaminhado à Funai.