Juiz decreta prisão de policiais que protegiam traficante da fronteira
Suboficiais alteraram sistema de informática por 27 vezes para esconder mandado de prisão internacional
O juiz paraguaio Miguel Palacios decretou a prisão preventiva dos suboficiais da Polícia Nacional Félix Ayala e Ramón Vargas. Eles são acusados de invadir o sistema de informática da polícia para esconder o mandado de prisão internacional do narcotraficante José Luis Bogado Quevedo, 38.
Natural de Pedro Juan Caballero (cidade vizinha de Ponta Porã), Bogado Quevedo responde a 34 processos no Brasil e tinha deixado a fronteira há poucos dias para se instalar em San Bernardino, cidade perto da capital Asunción.
No domingo (30), Bogado Quevedo foi ferido a tiros em ataque ocorrido dentro de uma festa com 20 mil pessoas em San Bernardino. Outras quatro pessoas ficaram feridas e duas morreram.
O traficante procurou atendimento médico em hospital particular de Asunción, onde apresentou documento de identidade falso, emitido em Mato Grosso do Sul. Entretanto, foi descoberto pela polícia e está preso.
Durante a semana, os investigadores descobriram que Bogado Quevedo circulava livremente no Paraguai desde 2014 mesmo estando na lista vermelha da Interpol, a polícia internacional.
Ele subornou autoridades paraguaias para o mandado de prisão ficar escondido no sistema da Polícia Nacional. Os dados foram alterados por 27 vezes. Na segunda-feira, um dia após o tiroteio, o mandado de prisão voltou a aparecer no sistema.
Acusado de integrar organização criminosa que mandava cocaína e armas do Paraguai para o interior paulista, Bogado Quevedo teve a prisão decretada pela Justiça brasileira há oito anos, mas se escondeu no Paraguai e só agora foi preso. O Paraguai já abriu processo para sua extradição ao Brasil.
Além de Bogado Quevedo, o ataque de domingo deixou ferido o traficante boliviano Marcelo Eladio Monteggia Díaz, 40, também de Pedro Juan Caballero. Duas pessoas morreram – o traficante Marcos Ignacio Rojas Mora, 29, e influenciadora digital Cristina Isabel Vita Aranda Torres, vítima colateral dos tiros.