Justiça suspende extradição de narcotraficante preso no Paraguai

A Justiça do Paraguai revogou, nesta sexta-feira (28), a autorização da extradição do narcotraficante José Luis Bogado Quevedo, preso no país desde 2022. Morador em Pedro Juan Caballero, ele usava RG falso em nome de José Luiz Bogado Gonzalez, expedida em Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul.

Bogado Quevedo foi ferido a tiros em atentado ocorrido durante festa com 20 mil pessoas, no dia 30 de janeiro em San Bernardino, cidade na margem do histórico Lago Ypacaraí.

De acordo com o jornal ABC Color, o juiz criminal Miguel Palácio revogou a decisão com base nos crimes cometidos por Bogado no Paraguai. O advogado Eduardo Cazenave, que defende o narcotraficante, apresentou o pedido de reconsideração com recurso de subsídio contra a extradição.

Ainda nos autos processuais, a defesa questionou o magistrado, alegando nenhum processo pendente no país. No entanto, a reportagem do veículo paraguaio verificou que Bogado tem o processo de apropriação indébita, onde foi beneficiado pelo procedimento de suspensão condicional.

Entenda o caso - Bogado foi ferido a tiros em atentado ocorrido durante festa com 20 mil pessoas, no dia 30 de janeiro de 2022 em San Bernardino, cidade na margem do histórico Lago Ypacaraí. No hospital, a polícia descobriu que o documento de cidadão sul-mato-grossense era falso. O traficante estava sendo procurado pela Interpol (a polícia internacional) desde 2018, mas o mandado de prisão foi retirado do sistema por dois policiais paraguaios, atualmente presos por corrupção.

Em maio daquele ano, o juiz penal de garantias Rolando Duarte havia arquivado o pedido de extradição por entender que a Justiça brasileira não enviou os documentos necessários no prazo estabelecido. Entretanto, o traficante continuou recolhido por força de outro mandado de prisão para fins de extradição emitido pela Justiça paulista. Esse pedido foi parar nas mãos de outro juiz, Miguel Palacios, que autorizou a extradição.

A defesa recorreu ao Tribunal de Apelações, que manteve a extradição. Restou aos advogados de Bogado Quevedo recorrerem então à Corte Suprema, que se equivale ao STF brasileiro.

Família do crime - Réu em pelo menos 34 processos no Brasil e incluído na lista vermelha da Interpol pela polícia brasileira, Bogado Quevedo atua na linha internacional entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã.

Segundo a polícia paraguaia, Bogado Quevedo tem familiares no submundo do crime nos dois lados da fronteira. Ele é sobrinho do ex-vereador paraguaio César Quevedo Isnardi, que está preso pelo roubo de 252 quilos de cocaína da Chefatura da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero, em 2015.

Outro tio dele, Fabio Quevedo Isnardi (irmão do ex-vereador) é apontado como chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em Ribeirão Preto (SP). Fabio está preso desde 2015.

Apontado como mandante do atentado contra o senador paraguaio Robert Acevedo (morto de covid, no ano passado), Pedro Pablo Quevedo Medina, o “Peter”, era primo do traficante baleado na festa. Em 2010, Pedro Pablo foi assassinado e esquartejado na fronteira.

Outro parente famoso de Bogado Quevedo é o narcotraficante internacional Jorge Teófilo Samudio, 49, o "Samura". Chefe do Comando Vermelho no Paraguai, Samura foi resgatado por comparsas em outubro de 2018 no país vizinho e recapturado em março do ano passado, no Mato Grosso. Ele e José Luis são concunhados.

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