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Interior

Moradores acampam em frente à Câmara para pedir cassação de vereadores

Helio de Freitas | 11/01/2015 21:53
Moradores protestam contra dois integrantes da Comissão Processante, também denunciados pelo MP e que devem pedir absolvição de dois acusados (Foto: Divulgação)
Moradores protestam contra dois integrantes da Comissão Processante, também denunciados pelo MP e que devem pedir absolvição de dois acusados (Foto: Divulgação)

Moradores de Naviraí, cidade a 366 km de Campo Grande, montaram acampamento em frente à Câmara de Vereadores. Eles chegaram ao local no início da noite deste domingo e instalaram barracas. O objetivo é ficar em vigília até esta segunda-feira, quando acontece a sessão para julgamento dos quatro vereadores presos no dia 8 de outubro, durante a Operação Atenas, da Polícia Federal. Eles são acusados de corrupção.

A sessão está marcada para começar às 14h desta segunda-feira e não tem previsão de que hora será encerrada. O relatório da Comissão Processante instaurada contra os quatro acusados será votado em plenário por todos os 13 vereadores do município. O voto será aberto, graças a uma mudança na lei municipal aprovada após a Operação Atenas.

“Queremos mobilizar a população de Naviraí para acompanhar a sessão amanhã e cobrar a cassação dos vereadores acusados de corrupção”, afirmou ao Campo Grande News a pecuarista Lúcia Helena Virote, uma das líderes do movimento.

Além de pedir a cassação do ex-presidente do Legislativo, Cícero dos Santos – acusado de ser o líder do esquema de corrupção montado na Câmara – do vereador e advogado Marcos Douglas (PMN), de Adriano José Silvério e Carlos Alberto Sanches, o Carlão (esses dois filiados ao SDD), os moradores protestam também contra José Roberto Alves e Mário Gomes, dois dos três integrantes da Comissão Processante.

Na cidade, de 50.600 habitantes, os comentários são de que José Roberto Alves e Mário Gomes, por também terem sido denunciados pelo Ministério Público acusados de fazer parte do esquema de corrupção, vão votar a favor dos vereadores acusados de quebra de decoro.

O Campo Grande News apurou nesta noite que o relatório entregue sexta-feira por José Roberto e Mário Gomes vai pedir a absolvição de Adriano e Carlão, exatamente como afirmam os moradores da cidade.

Procurado hoje à noite, o presidente da comissão, Márcio Scarlassara (PSDC), não quis comentar a informação de que seus colegas pediriam a absolvição de dois dos quatro acusados. Na semana passada ele tinha dito que poderia apresentar um relatório divergente ao parecer do relator.

Scarlassara informou que Cícero dos Santos, que na semana passada foi expulso do PT pelo diretório regional do partido, já comunicou que não vai participar da sessão de amanhã. Marcus Douglas fará a sua própria defesa e os outros dois serão defendidos por advogados.

O caso – Os vereadores Cícero dos Santos, Adriano José Silvério, Carlos Alberto Sanches, Marcus Douglas Miranda e Solange Melo, que renunciou no dia 7 de novembro, foram presos pela PF acusados de fazer parte de um esquema de corrupção que incluía recebimento de diárias fraudulentas, extorsão de empresários, fraude de licitações e recebimento ilegal de empréstimos consignados feitos por assessores da Câmara.

Também foram presos os assessores da Câmara Wagner Nascimento Máximo Antônio, Rogério dos Santos Silva, o “Dill”, e Thiago Caliza da Rocha, Carlos Brito de Oliveira, o Baiano, que prestava serviço de sonorização e gravação de vídeo para a Câmara, e Mainara Gessika Malinski, mulher de Cícero.

No dia 31 de outubro, o juiz Eduardo Magrinelli Junior acatou a denúncia do Ministério Público contra as dez pessoas presas e contra os vereadores Elias Alves (Pros), o “Elias Construtor”, Gean Carlos Volpato (PMDB) e Vanderlei Chagas (PSD), que não foram detidos, mas acabaram denunciados pelo MP e afastados dos cargos.

Cícero dos Santos, apontado como o articulador do esquema de corrupção, é o único dos 13 réus que responde ação penal por cinco crimes – organização criminosa (pena de 3 a 8 anos), corrupção passiva (2 a 12 anos), peculato (2 a 12 anos), fraude em licitação (2 a 4 anos) e lavagem de dinheiro (3 a 10 anos).

Marcus Douglas, que está em prisão domiciliar por ser advogado, responde por organização criminosa, corrupção passiva e peculato (quando servidor público se apropria de valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desvia em proveito próprio ou alheio).

Solange Melo responde por peculato e organização criminosa e Carlão por organização criminosa e corrupção passiva. Mainara responde por lavagem de dinheiro e organização criminosa e Carlos Brito de Oliveira por fraude à licitação, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os ex-assessores são réus por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

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