Pavão vai morrer na cadeia após ser extraditado para o Brasil, diz advogada
Criminalista paraguaia que defende brasileiro acusa Justiça daquele país de contrariar a lei ao aceitar extradição de narcotraficante
A defesa do narcotraficante Jarvis Gimenes Pavão, que está preso no Paraguai, afirma que ele vai morrer em um presídio brasileiro após ser extraditado para o Brasil, o que deve ocorrer em dezembro deste ano, quando conclui a pena de oito anos por lavagem de dinheiro no país vizinho. A afirmação foi feita pela criminalista Laura Casuso, uma das advogadas que defendem Pavão no Paraguai.
Condenado a 17 anos de prisão por tráfico no Brasil, Pavão, que é natural de Ponta Porã, onde tem familiares, o brasileiro é apontado como um dos maiores fornecedores de cocaína da América do Sul e forte aliado do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Dos três pedidos de extradição feitos pela Justiça do Brasil, dois já foram aceitos por juízes paraguaios. Laura Casuso também acusou a juíza Lici Sánchez, que determinou a extradição, de tomar a decisão sem dar ampla chance de defesa ao condenado. “Uma absoluta causa de nulidade”, disse ela.
Laura Casuso também acusa a Polícia Nacional de impedir Pavão de falar com a imprensa ao exigir a apresentação de uma ordem judicial para conceder entrevistas. Segundo ela, policiais não querem que Pavão fale com jornalistas, temendo o que ele pode revelar sobre a corrupção da Polícia Nacional.
No ano passado, Pavão foi transferido para o quartel de um grupo especializado após o governo descobrir que ele vivia com luxo e mordomia num espaço que construiu dentro do presídio de Tacumbú.
“Eles [policiais] têm a noção equivocada de que, se o enviarem para a extradição, Jarvis vai ficar de braços cruzados, mas a imprensa terá toda a documentação das informações que ele tem”, prometeu Laura.
A advogada afirma que Pavão tem sua família no Paraguai, que seus filhos nasceram naquele país. “É um cidadão paraguaio que está sendo enviado para morrer nas prisões brasileiras”, declarou. Ela disse que policiais brasileiros teriam informado a colegas paraguaios que o narcotraficante não duraria seis meses após ser extraditado. “Estado paraguaio, com o capricho de alguns, enviará um cidadão paraguaio para a morte, violando todos os seus direitos”, disse Laura ao jornal ABC Color.
A advogada afirmou ter documentos comprovando que o Estado paraguaio cometeu execuções. Esses documentos estariam distribuídos no Paraguai e no exterior, após ela ser ameaçada de morte quando Francisco de Vargas era ministro do Interior. “Não seria estranho que eles desejem me fazer desaparecer”, disse Laura Casuso.