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Interior

Preso por corrupção, vereador é internado e pode atrasar cassação

Helio de Freitas, de Dourados | 17/12/2014 16:41
O vereador Adriano José Silvério é conduzido por policial federal no dia em que foi preso acusado de corrupção (Foto: Eliel Oliveira)
O vereador Adriano José Silvério é conduzido por policial federal no dia em que foi preso acusado de corrupção (Foto: Eliel Oliveira)

O trabalho da Comissão Processante instalada uma semana após a prisão de cinco vereadores de Naviraí (a 366 km de Campo Grande) acusados de corrupção, pode atrasar mais alguns dias e atrapalhar os planos de levá-los a julgamento por quebra de decoro antes do Natal. Depois de três dias ouvindo os depoimentos de 40 testemunhas e de três dos quatro acusados, os integrantes da comissão foram surpreendidos hoje com a informação de que o vereador Adriano José Silvério está internado e não pode ser interrogado.

Cícero dos Santos, o Cicinho do PT, Marcus Douglas Miranda e Carlos Alberto Sanches, o Carlão, foram interrogados na segunda-feira desta semana, quando já havia a informação de que Adriano estava com problema de vesícula. Por isso ele seria interrogado hoje.

Na tarde desta quarta-feira, o presidente da comissão, Márcio Scarlassara (PSDC) informou ao Campo Grande News que Adriano foi internado hoje no hospital da Cassems em Naviraí e que a defesa vai apresentar um atestado. O vereador está hospitalizado com escolta policial. Scarlassara disse não ter sido informado do motivo da internação.

Com o contratempo, a comissão da Câmara agora tem de esperar Adriano receber alta para pegar seu depoimento e só depois começa a contar o prazo de cinco dias para as alegações finais da defesa. Apenas depois desse prazo é que o relatório poderá ser entregue à presidência da Casa para marcar a sessão de julgamento.

A expectativa de Márcio Scarlassara era entregar o relatório na segunda-feira, dia 22, para que fosse levado a plenário em sessão extraordinária no dia seguinte. Segundo ele, agora é preciso aguardar para saber por quanto tempo Adriano ficará internado, mas admite ser difícil fazer o julgamento antes do Natal, como havia anunciado na semana passada.

Entenda o caso – Os quatro vereadores enfrentam o processo de cassação por quebra de decoro depois que foram presos pela Operação Atenas, da Polícia Federal, juntamente com outras seis pessoas – a então vereadora Solange Melo, que renunciou na prisão; Carlos Brito de Oliveira, o Baiano, prestador de serviços de sonorização e gravação de imagens para a Câmara de Vereadores; os ex-assessores da Câmara Wagner Nascimento Máximo Antonio, Thiago Caliza da Rocha e Rogério dos Santos Silva e a mulher de Cícero dos Santos, Mainara Géssica Malinski.

No dia 31 de outubro, o juiz Eduardo Magrinelli Junior acatou a denúncia do Ministério Público e todos os dez presos foram transformados em réus em crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e peculato.

Na mesma decisão o juiz também aceitou a denúncia contra os vereadores Elias Alves (Pros), Gean Carlos Volpato (PMDB) e Vanderlei Chagas (PSD), afastados no dia 3 de novembro. Eles enfrentam processo de cassação instaurado através de outra Comissão Processante, que só deve concluir o relatório em janeiro de 2015.

Interceptações telefônicas e captações ambientais feitas pela PF com ordem judicial no período de quase um ano revelaram um esquema criminoso montado para desviar dinheiro público de varias maneiras a favor dos envolvidos, tendo como sede a Câmara de Naviraí e como “cabeça” da organização o vereador Cícero dos Santos.

As vantagens ilícitas vinham de propinas cobradas de empresários para modificação da legislação municipal, a fim de possibilitar o exercício de atividade comercial, emissão fraudulentas de diárias a vereadores e funcionários da Câmara; fornecimento de combustível pago pelo dinheiro público a vereadores, funcionários da Câmara e parentes e amigos, fraude em procedimento licitatório, que beneficiava vereadores e terceiros, e lavagem de dinheiro.

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