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Interior

Produtores rurais marcham contra prisões e pedem paz no campo

Ruralistas protestam contra prisão de cinco fazendeiros de Caarapó, que voltaram para a cadeia por decisão do STF

Helio de Freitas, de Dourados | 07/10/2017 10:08
Produtores rurais em passeata na Avenida Marcelino Pires (Foto: Helio de Freitas)
Produtores rurais em passeata na Avenida Marcelino Pires (Foto: Helio de Freitas)

Produtores rurais protestaram na manhã deste sábado em Dourados, a 233 km de Campo Grande, contra a prisão de cinco fazendeiros de Caarapó, que voltaram para a cadeia no dia 28 de setembro, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Eles são acusados de liderar um ataque a índios que invadiram a fazenda Yvu, em junho do ano passado.

Ruralistas de Dourados e de municípios da região e familiares dos produtores rurais Nelson Buanain Filho, Jesus Camacho, Virgílio Mettifogo, Dionei Guedin e Eduardo Yoshio Tomanaga fizeram uma passeata pela Avenida Marcelino Pires, a principal da cidade. Um carro de som puxou a marcha, que teve fogos de artifício, faixas e cartazes.

“Queremos paz no campo, paz para produtores e indígenas. Somos todos vítimas de um governo omisso e da politicagem. Só pedimos para produzir em paz e respeito ao direito de propriedade”, afirmou a advogada e produtora rural de Antônio João, Luana Ruiz Silva, que foi a principal oradora do protesto.

Propriedades da família de Luana, que é sobrinha do ex-prefeito de Antônio João, Dácio Queiroz Silva, estão invadidas por índios, que lutam pela demarcação há 20 anos. Uma das fazendas foi palco, em agosto de 2015, da morte guarani-kaiowá Simeão Fernandes Vilhalva, 24.

O vice-presidente do Sindicato Rural de Caarapó, Carlos Eduardo Macedo, o Kaká, disse que a prisão dos produtores é injusta. “Eles estão presos enquanto tem bandido solto por aí”, como mostra o vídeo abaixo.

O caso – Segundo a denúncia do MPF (Ministério Público Federal), o ataque aos índios ocorreu em 14 de junho de 2016. Pelo menos 200 produtores rurais, funcionários de fazendas e seguranças teriam tentado expulsar os índios da fazenda Yvu. Seis índios ficaram feridos a tiros e o agente de saúde indígena Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, 26, morreu.

Em retaliação ao ataque, os índios investiram contra um caminhoneiro que seguia na estrada ao lado da aldeia Tey Kuê, queimaram o caminhão e uma colheitadeira. Três policiais militares que seguiam para a área de conflito também foram atacados, espancados com pedaços de pau e tiveram as armas e os coletes roubados.

Dois índios também foram denunciados. Um deles é acusado de cárcere privado qualificado, roubo qualificado, sequestro, dano qualificado e corrupção de menores, por ser autor do ataque aos três policiais militares. O MPF pediu a prisão preventiva, mas o mandado nunca foi cumprido. O nome dos índios não foi divulgado.

A Funai (Fundação Nacional do Índio) sustenta que os indígenas têm direito às fazendas, que ficariam dentro dos limites da Terra Indígena Dourados Amambaipeguá I.

No dia 18 de agosto do ano passado, Nelson Buanain Filho, Jesus Camacho, Virgílio Mettifogo, Dionei Guedin e Eduardo Yoshio Tomanaga foram presos pela Polícia Federal, acusados de milícia privada, homicídio, lesão corporal e dano qualificado. No dia 25 de outubro de 20165, o grupo foi libertado por liminar do ministro do STF, Marco Aurélio.

Entretanto, no dia 26 de setembro deste ano, a Primeira Turma do STF negou seguimento ao pedido de habeas corpus e revogou a liminar, voltando a valer a prisão preventiva. Os cinco se apresentaram à Polícia Federal três dias depois. Os advogados de defesa já recorreram para tentar o relaxamento da prisão.

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