Vereadores alegam inocência em processo por quebra de decoro
Cícero dos Santos, o Cicinho do PT, Marcus Douglas Miranda e Carlos Alberto Sanches, o Carlão, afirmaram que são inocentes das acusações de corrupção, feitas pela Polícia Federal e Ministério Público Estadual durante a Operação Atenas. Interrogados ontem pela Comissão Processante da Câmara de Naviraí, eles negaram todos os crimes para tentar escapar da cassação por quebra de decoro. O depoimento de Adriano José Silvério ficou para amanhã.
Interrogado em uma sala da penitenciária da cidade, onde está preso desde 8 de outubro, Cícero dos Santos é apontado pela PF como o mentor do esquema de corrupção instalado na Câmara de Vereadores. O depoimento dele foi o mais longo, segundo informou hoje ao Campo Grande News o presidente da comissão, Márcio Scarlassara (PSDC).
Além de Scarlassara, participaram dos interrogatórios os vereadores José Roberto Alves (relator) e Mário Gomes, que também chegaram a ser denunciados pelo Ministério Público por envolvimento no mesmo esquema, mas a denúncia foi rejeitada pelo Poder Judiciário.
Scarlassara era suplente de Solange Melo e assumiu a cadeira após a prisão dela. Em novembro ele passou a ocupar o cargo em definitivo, já que Solange renunciou ao mandato. Policial civil aposentada, Solange continua presa.
Marcus Douglas, que cumpre prisão domiciliar, e Carlão, em liberdade desde a semana passada por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), foram interrogados na sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Douglas foi ao local escoltado por dois policiais militares.
Conforme o presidente da Comissão Processante, o vereador Adriano José Silvério, que também está recolhido na penitenciária da cidade, teve uma crise de pedra na vesícula e por isso será interrogado amanhã.
Nesta terça-feira os integrantes da comissão estão ouvindo o depoimento de 30 testemunhas de defesa. Amanhã, além do depoimento de Adriano, eles vão ouvir as dez testemunhas arroladas por Cícero dos Santos. O presidente afastado do Legislativo de Naviraí tinha se recusado a apresentar testemunhas, mas depois mudou de ideia.
Márcio Scarlassara informou que após as audiências de amanhã os advogados de defesa dos quatro vereadores terão cinco dias para as alegações finais. “Na segunda-feira, dia 22, vamos entregar o relatório final ao presidente da Câmara [Moacir Pereira de Andrade]. Caberá a ele convocar a sessão extraordinária para o julgamento”.
Na semana passada, Andrade informou através da assessoria que só espera a comissão concluir os trabalhos para convocar a sessão. A expectativa é que o julgamento ocorra na terça-feira, dia 23.
Mais acusados – Elias Alves (Pros), Gean Carlos Volpato (PMDB) e Vanderlei Chagas (PSD) também são acusados de quebra de decoro, mas contra eles existe outra Comissão Processante, que deve concluir os trabalhos apenas em janeiro. Eles foram afastados no início de novembro, depois que o juiz Eduardo Magrinelli Junior aceitou a denúncia do Ministério Público e os transformou em réus juntamente com as outras dez pessoas presas em outubro.
Durante a sessão da Câmara, ontem à noite, Márcio Scarlassara recebeu de líderes comunitários da cidade um abaixo-assinado com pelo menos mil assinaturas, cobrando agilidade nas ações e a cassação de todos os vereadores acusados. O documento foi entregue pela líder comunitária Jocimaria dos Santos, presidenta da Associação de Moradores do Jardim Ipês.
“A população reconheceu nosso esforço, pois os trabalhos da comissão tiveram mais avanço em uma semana do que em 60 dias. Estamos trabalhando dia e noite nisso”, afirmou Scarlassara.