Novo diretor da Polícia Federal coloca Lama Asfáltica entre prioridades
Ricardo Segóvia tomou posse nesta segunda-feira em Brasília e falou das ações que terão foco principal
O novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Fernando Segóvia, tomou posse hoje (20) e colocou a Operação Lama Asfáltica entre as prioridades da corporação, junto com a Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobras, e outras duas operações, Cadeia Velha, que levou três deputados do Rio de Janeiro à prisão, e Cui Bono, responsável pela prisão do ex-minitro Geddel Vieira Lima.
Desenvolvida desde 2013, a Operação Lama Asfáltica investiga uma organização criminosa suspeita de desvios milionários de recursos públicos, por meio de operações fraudulentas. Na semana passada, foi deflagrada a 5ª fase, na qual foram presos o ex-governador André Puccinelli (PMDB), o filho dele, o advogado André Puccinelli Junior e os advogados Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves, apontados como envolvidos nas irregularidades constadadas. Os quatro foram soltos no dia seguinte.
Durante essa fase, intitulada Papiros de Lama, também foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão. A força-tarefa, que reúne CGU (Controladoria Geral da União) e Receita Federal), aponta desvio de R$ 235 milhões. Na semana passada, em entrevista ao Campo Grande News, o delegado regional de Combate ao Crime Organizado, disse que a força-tarefa deve receber reforço de outros delegados para caminhar para as conclusões, após quatro anos de apuração. Os trabalhos começaram em 2013.
Novo diretor
Ao tomar posse, o ministro defendeu um novo capítulo na relação da PF e do Ministério Público Federal (MPF). “Hoje, há uma infeliz e triste disputa entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, mas confio no espírito de maturidade dessas instituições. É preciso escrever um novo capítulo e deixar de lado a vaidade. O único que se beneficia dessa disputa é o crime organizado”, afirmou, segundo a Agência Brasil.
A fala é uma referência a uma queda-de-braço entre as duas instituições sobre a competência de policiais de firmar acordos de delação premiada nas investigações criminais. Para os procuradores, o dispositivo da Lei das Organizações Criminosas (Lei 12.850/2013) que prevê que o delegado possa fazer acordos de delação é inconstitucional.
Prioridades
Ao citar as prioridades, Segóvia falou das operações já citadas e disse elas terão foco especial tanto na atuação junto ao Supremo Tribunal Federal quanto em relação às varas criminais.
De acordo com Agência Brasiu, às vésperas de um ano eleitoral, Segóvia disse ainda que o combate a esse crime relacionado às votações também estará no foco central de atuação da PF. A expectativa do diretor-geral é de que a corporação aja “com isenção total, independentemente de partidos políticos".
Investigações criminais
Durante a cerimônia de posse do novo diretor-geral da PF, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, condenou o que chamou de “ilações especulativas” nas investigações criminais. Ele criticou a convalidação de “imputações sem referências sólidas nos fatos e documentos”.
Evidenciando a divergência com o Ministério Público, Torquato defendeu que é preciso dizer “não à vaidade fruto da ambição ou propósitos ocultos no processo”. “Essas condutas que se desviam da ética agridem mais a sociedade que o próprio indivíduo, porque geram uma dúvida coletiva sobre a isenção da conduta de quem atua em nome do Estado”, completou.
O presidente Michel Temer participou da solenidade, mas não fez uso da palavra.