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Cidades

PF planeja reforçar time da Lama Asfáltica para concluir inquéritos

Corporação entende que já há ‘conjunto provatório forte” contra os investigados, depois da 5ª fase deflagrada nesta semana

Osvaldo Júnior e Marta Ferreira | 17/11/2017 09:00
Delegado Cléo Mazzotti, durante coletiva à imprensa no dia 14 deste mês, quando a quinta fase foi deflagrada (Foto: André Bittar)
Delegado Cléo Mazzotti, durante coletiva à imprensa no dia 14 deste mês, quando a quinta fase foi deflagrada (Foto: André Bittar)

No esforço de intensificar as investigações da operação Lama Asfáltica e caminhar para os relatórios finais da operação, a PF (Polícia Federal) vai agregar delegados de outras áreas. A informação é do delegado Cléo Mazzotti, titular da DRCOR (Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado). A força-tarefa, que mobiliza PF, CGU (Corregedoria Geral da União) e RFB (Receita Federal do Brasil), teve início em 2013 e chegou nesta semana à quinta fase, com quatro prisões, seis conduções coercitivas e cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão contra uma organização criminosa suspeita de desvios milionários de verbas públicas

De acordo com o delegado Cléo Mazzotti, nos quatro anos da operação, foram reunidas inúmeras provas, que tornam as investigações bem fundamentadas. “Vamos, agora, dar uma incrementada. Vamos puxar outros delegados de outras áreas para ajudarem nos relatórios finais”, afirmou.

Embora avalie que há conjunto robusto de provas, Mazzotti prefere não estimar quando as investigações terminariam. “Não posso afirmar com certeza se estão no fim ou se haverá mais fases”, disse.

Conforme o delegado, o próprio andamento das investigações determinará se a operação continua ou se será encerrada. A natureza do caso – desvio de recursos públicos e outros tipos de crimes ligados à corrupção – também é complicador para o encerramento das apurações.

“Se fatos novos forem descobertos e for necessárias novas investigações, teremos de fazer novas apurações”, considerou o delegado. No entanto, ele lembra que a Polícia Federal precisa atuar no combate de muitos crimes, como o do tráfico internacional de drogas, intenso na região de fronteira. Por isso, a corporação não pode se restringir à Lama Asfáltica.

Prédio onde Puccinelli mora e que foi alvo da Operação. (Foto: André Bittar/Arquiva).
Prédio onde Puccinelli mora e que foi alvo da Operação. (Foto: André Bittar/Arquiva).
Puccinelli ao lado da filha e do deputado Carlos Marun, depois que deixou a prisão. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo).
Puccinelli ao lado da filha e do deputado Carlos Marun, depois que deixou a prisão. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo).

Quinta fase – Desde o início da Lama Asfáltica, a PF já deflagrou cinco operações de busca, apreensões e prisões. Na quinta fase, a chamada Papiros de Lama, ocorrida nesta semana, as investigações atingem, de modo mais intenso, uma das figuras políticas mais influentes de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, duas vezes prefeito de Campo Grande e duas vezes governador do Estado. Ele chegou a ser preso, junto com o filho, o advogado André Puccinelli Junior, e outros dois advogados, João Paulo Calves e Jodascil Gonçalves Lopes.

Segundo as investigações da PF, Puccinelli é figura central em esquema que causou prejuízo de R$ 235 milhões aos cofres públicos, através de troca de incentivos fiscais, principalmente ao grupo JBS, por propinas. Nessa fase, a novidade é a delação premiada premiada do pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, apontado como operador do esquema entre 2006 e 2013. Foi o primeiro acordo da Lama Asfáltica.

Na quinta fase, a PF tentou prender 10 pessoas, entre elas nomes conhecidos já por suspeita de envolvimento em irregularidades, como os empresários João Amorim e João Baird. Foram solicitadas, também, as prisões de André Luiz Cance, que foi secretário de Fazenda de Puccinelli e é apontado como o substituto de Ivanildo Miranda como operador do recebimento dos valores irregulares, além de Mircherd Jafar Júnior, proprietário da gráfica Alvorada, Antônio Celso Cortez, sócio de João Baird e o empresário João Maurício Cance.

O juiz Ney Gustavo Paes de Andrade autorizou as quatro prisões já citadas e determinou que os outros seis fossem conduzidos coercitivamente para depoiemento. Os presos já foram liberados, por decisão liminar concedida pelo desembargador Paulo Fontes, do TRF 3 (Tribunal Regional da 3 Região), sediado em São Paulo.

Conforme a investigação, pelo menos 7 empresas estão envolvidas no esquema. Elas participavam de transações ilegais para "esquentar" os valores. São elas a JBS, a Proteco Construções, a Gráfica Alvorada, Mil Tec Tecnologia, PSG Tecnologia, Instituto Ícone, todas empresas já citadas e investigadas em outras fases da Lama Asfáltica. A empresa Congeo, que ainda não havia sido citada também foi relacionada.

Segundo as investigações da PF, Puccinelli é figura central em esquema que, segundo a força-tarefa, causou prejuízo de R$ 235 milhões aos cofres públicos, através de troca por propina de incentivos fiscais.

Reflexo político - Por causa da prisão, o partido do ex-governador cancelou evento previsto para o sábado, em que Puccinelli seria aclamado presidente estadual do diretório do PMDB. Ele também era cotado como o nome mais forte para disputar o governo do Estado em 2018, o que agora está em suspenso.

A operação foi desencadeada seis meses depois que Puccinelli foi alvo da 4ª fase da Lama Asfáltica, quando chegou a ser obrigado a usar tornozeleira e pagou R$ 1 milhão de fiança para se livrar do monitoramento.

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