Preso em MS, líder de facção comandou massacre com 56 mortes
Polícia concluiu inquérito e apontou José Roberto Fernandes Barbosa como mandante das mortes em presídio do Amazonas
Líder da Família do Norte - uma das maiores facções criminosas do Brasil - José Roberto Fernandes Barbosa, foi quem comandou o massacre que deixou 56 pessoas mortas no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, no Amazonas. A Polícia Civil encerrou o inquérito sobre as mortes e indiciou 210 detentos pelo crime, entre eles, Barbosa - preso no Presídio Federal de Mato Grosso do Sul desde janeiro deste ano.
O inquérito tem 2,6 mil páginas com fotos, transcrições de áudios, depoimentos e laudos médicos. A investigação ainda apontou que agentes penitenciários e familiares dos presos facilitaram a entrada de armas no presídio e o início da rebelião que resultou nas mortes.
Segundo entrevista do delegado geral adjunto Ivo Martins ao G1 AM, foram feitas perícias nos locais onde ocorreram as mortes e, ainda, realizados exames de necropsia e de DNA nos corpos. Também foram feitas análises às imagens captadas pelas câmeras do circuito interno da unidade prisional.
Martins disse, ainda, que no curso das investigações, ficou comprovado que as mortes na unidade prisional ocorreram por rivalidade entre duas facções criminosas: FDN (Família do Norte) e PCC (Primeiro Comando da Capital), que atuam no Estado e buscavam ter o domínio dentro dos presídios em Manaus.
Liderança FDN - Pertuba ou Messi, como José Roberto é conhecido, é o principal líder da FDN. Antes mesmo da fundação da facção, ele já era apontado como uma grande traficante do Amazonas. Segundo a PF, de dentro da prisão, o traficante determina assassinatos, roubos, sequestros, torturas e coordena o tráfico de drogas no Estado.
Ao seu lado e não menos poderoso, a PF coloca Gelson Carnaúba, o G. Além de um dos fundadores da facção, Carnaúba foi responsável pela costura do acordo com o Comando Vermelho e, desde então, é um dos interlocutores responsáveis pela comunicação entre os comandos dos grupos criminosos.
A FDN é apontada pela Polícia Federal como a terceira maior facção do Brasil – atrás apenas do PCC e do CV. A organização criminosa surgiu por volta do ano de 2006 após a união de dois grandes traficantes amazonenses que cumpriam suas penas em presídios federais.
Gelson Lima Carnaúba, o G, e José Roberto Fernandes Barbosa, o Pertuba, saíram do sistema prisional federal com destino ao Amazonas “determinados ou orientados”, segundo a PF, a estruturarem uma facção criminosa nos moldes do PCC e CV.
Guerra – Desde o início dos confrontos entre PCC e FDN pelo controle do tráfico no rio Amazonas, em 2015, 19 detidos já foram transferidos para presídios federais. Ao menos quatro deles, da facção originada em São Paulo, estão em Campo Grande.
A Polícia Federal aponta que o Mato Grosso do Sul é o principal caminho de transporte de drogas e armas do Paraguai e Bolívia para estados como São Paulo e Rio de Janeiro para o PCC. Por isso, novamente apenas integrantes desta facção deverão ser removidos para o Estado, a fim de se evitar novos conflitos.
O órgão também investiga se os líderes do PCC presos no presídio tiveram algum tipo de envolvimento com o ocorrido no Amazonas. Ligações entre líderes da facção comentando o ocorrido e jurando vingança foram identificados no Mato Grosso do Sul.
O presídio da cidade já abrigou nove presos envolvidos na rebelião da cadeia de Pedrinhas, no Maranhão, em 2014. Em junho do ano passado, seis homens que atuaram no resgate do traficante conhecido como ‘Fat Family’ em presídio do Rio de Janeiro foram transferidos para a instituição sul-mato-grossense.