A vacina de Oxford luta contra o tempo e os templos
Mário Sérgio Lorenzetto | 24/07/2020 07:36
Um exército de 250 cientistas de várias nacionalidades. Em fevereiro, os chefes de Oxford pediram que abandonassem tudo para conseguir, em tempo recorde, uma vacina contra o coronavírus. Trabalham de segunda-feira a domingo. Muitas vezes, começam às 09:00 h e só param às quatro horas da madrugada. Uma luta vertiginosa contra o tempo.
Resultados prometedores.
O esforço está dando resultado. A vacina experimental de Oxford, baseada em um vírus atenuado do resfriado de macacos, está gerando defesas nos vacinados, segundo um ensaio com mais de mil pessoas. É essa vacina que o governo brasileiro trouxe ao Brasil. Também está sendo testada no Reino Unido e na África do Sul.
Igreja católica, um adversário inesperado.
Quem imaginaria que viriam dos templos católicos a maior onda de ataques à essa vacina? Tudo começou com o arcebispo de Valência, na Espanha. "O demônio existe em plena pandemia, tentando levar a cabo pesquisas para vacinas e para curas. Nos deparamos com a dolorosíssima noticia de que uma das vacinas se fabrica à base de células de fetos abortados. É isso é inumano. Isso é cruel", afirmou António Canizares, o arcebispo. E continuou: "Isso é o que quer o diabo. A eucaristia é o antídoto frente ao diabo".
Cinco vacinas usam células de fetos abortados.
A vacina de Oxford é uma das cinco vacinas que utilizam células de um feto abortado em 1972. São as células denominadas HEK-293. Foram retiradas dos rins de um feto abortado por motivos terapêuticos. Essas linhas de células vem sendo utilizadas desde há 48 anos para todas as vacinas que já tomamos contra rubéola, varicela, hepatite e muitas outras doenças. Os cientistas de Oxford não entendem essa nova cruzada contra vacina que estão testando. Os mais radicais adeptos europeus da religião estão dizendo que não tomarão essa vacina. Uma luta contra o Templo?