Chinês “mexe” nos genes de bebês para evitar a Aids
Nem um só cientista duvidava que isso estava prestes a ocorrer. A técnica CRISPR para editar genes é simples, eficaz, viável economicamente e já está há alguns anos à disposição de laboratórios de genética do mundo. Mas se essa técnica vem sendo usada em laboratórios para melhorar plantas e, ainda em fase de testes, em alguns animais, para humanos é um avanço que vem sendo tratado com enorme precaução. Ninguém no Ocidente considera que essa técnica não produza mutação secundárias indesejáveis, que cause um dano ainda maior aos bebês que por ela passarem.
Este é o primeiro passo que o chinês He Jiankui saltou. E aconteça o que for, passará à história por sua ousadia ou loucura, só a história apresentará a resposta. Mas He Jiankui saltou uma outra barreira, que será tão importante quanto a cura definitiva da AIDS para as futuras gerações: saltou a quase intransponível barreira da ética.
Este salto é o seguinte: a modificação genética de embriões já está entrando em conflito com as hierarquias eclesiásticas que se opõem a essas mudanças. Não podem admitir que um mero humano se aproxime de Deus modificando os seres humanos. No Ocidente já há inúmeras restrições legais, objeções éticas e pré-juízos populares.
Mas tentemos entender que He Jiankui encontrou uma mudança difícil de ser atacada, está em uma zona cinzenta, em uma fronteira das decisões humanas. Existe uma raríssima mutação natural que inativa o gene CCR5, um receptor do HIV nas células humanas, impedindo seu raríssimo possuidor de ter AIDS. Esse gene existe inclusive em uma ou duas prostitutas africanas que recebem várias doses de sêmen infectado a cada dia. E parece que esse será o público inicial alvo de He Jiankui.
A pergunta que a comunidade científica está fazendo é: "isso é curar uma enfermidade ou melhorar uma estirpe?". Se bons resultados do experimento do chinês se confirmarem, estaremos vivendo na fronteira entre a cura e a melhoria. A mera cura é bem aceita pela maioria da comunidade científica e têm um grande escudo para se defender dos ataques religiosos. A melhoria de uma estirpe não é desejável. Não é aceitável criarmos uma estirpe de pessoas mais inteligentes, mais altas, mais fortes... Mas se as meninas africanas - ou de qualquer lugar do mundo - saírem para um lugar no futuro sem correrem riscos de terem AIDS, as consequências serão grandes. Raros serão os pais que não se perguntarão se seus futuros filhos devem vir ao mundo sem esse mal terrível. Mas se uma das duas meninas que nasceram no laboratório de He Jiankui tiverem problemas genéticos - mutações secundárias - o acontecimento de hoje será uma tragédia e entorpecerá de maneira notável o avanço dessa formidável técnica. De qualquer maneira, seguiremos falando de He por meses e anos. O salto é gigantesco. Não se sabe se ao término do salto, ao "bater no chão", receberá os aplausos da humanidade ou decretará a morte de uma técnica futurista genial.
A revolução do papel para usar e plantar.
O ser humano vem se dedicando a derrubar árvores para fazer papéis. A cada dois segundos cortam uma superfície de floresta do tamanho de um campo de futebol, equivalente a uma superfície do tamanho de Portugal por ano. Ninguém havia pensado em uma alternativa a essa prática. Até que surgiu uma bela jovem chamada Gala Freixá. Junto com outros três jovens criou a marca de papel Sheedo. Não um papel qualquer, mas um papel que pode ser plantado, gerando uma árvore. Gala revolucionou nosso modo de pensar. O papel que produz é artesanal a partir de fibras de algodão reutilizadas da indústria têxtil. Esse papel contêm sementes de árvores típicas de cada região onde é vendido. Ao invés de derrubar árvores para fazer papel, usar papel para criar árvores.
Depois de mais de 2.000 anos da invenção do papel e mais de 500 tipos, formas e texturas, por fim um papel capaz de ser plantado. Mas esse papel não é apenas uma alternativa à indústria papeleira, é um convite a pensar nos pequenos gestos que podemos escolher diariamente para mudar um modelo que combate o meio ambiente: comprar produtos locais no supermercado ou sacolão, pensar que cada invólucro de plástico que abrimos será um plástico a mais nos rios, criar no lugar de destruir, cuidar ao invés de fazer danos, atuar no lugar de sentir que nada pode mudar....