O coronavírus voa como uma águia ou uma galinha?
Nessa indagação muito visual se condensa uma das mais sérias polêmicas sobre o coronavírus. Pode parecer uma questão meramente técnica, apropriada apenas pelos cientistas, mas, em verdade, coloca em xeque o que sabemos - ou pensamos saber - sobre como o vírus nos ataca.
Tudo começou em uma aula de dança.
Em fevereiro, em Cheouan, na Coreia do Sul, um professor de ritmos latinos dava aula sem saber que aquelas instalações se converteriam em uma "fábrica" de vírus. Contaminou 112 pessoas. As autoridades sanitárias daquele país concluíram que "o fluxo de ar gerado pelo exercício intenso" podia causar a transmissão do vírus, e o professor estava infectado. Nenhuma pessoa que assistia aula de Pilates, no mesmo salão, ministrada por outro professor também infectado, teve a doença.
A história se repete em um restaurante chinês.
Na mesma época, ocorreu fato idêntico em um restaurante chinês. Em até quatro metros de distância de um infectado, todos tiveram a covid-19. Dezenas de pessoas estavam a mais de seis metros de distância do infectado. Nenhum teve a covid-19. Os chineses também estudaram uma longa viagem de ônibus, em que uma mulher infectou os 23 passageiros mais próximos a ela. Os mais distantes não sofreram a infecção. Há, muitos outros estudos similares. Todos reivindicam que a OMS aceite a transmissão por aerossol, a transmissão pelo ar quando é denso, que tem muitas partículas voando.
O tempo de contato para infeccionar.
Esses estudos deram condições aos cientistas de entender que há um tempo de permanência em locais fechado, com ar denso, para que o contágio ocorra. Acreditam que muitas pessoas nesse tipo de ambiente terão de permanecer por volta de 50 minutos. Por outro lado, dizem que menos de 18 minutos nesse tipo de ambiente torna improvável a transmissão viral.
Respirar, tossir e espirrar.
Esses cientistas que vem estudando a transmissão por aerossóis montou um quadro para discernirmos as diferenças de transmissão conforme o tipo de eliminação de vírus que podemos fazer pela boca. Há enormes diferenças entre as possibilidades de transmissão pela simples respiração, para a tosse e o espirro. Conforme eles, espirrar pode transmitir o vírus até a oito metros de distância. Veja o quadro que mostra a quantidade de gotículas: