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Em Pauta

O feio está conquistando o mundo

Mário Sérgio Lorenzetto | 13/11/2018 06:28
O feio está conquistando o mundo

Mais além do topete alaranjado impossível de Trump e das largas gravatas que tomaram conta da Casa Branca, ou dos robóticos movimentos carentes de qualquer ritmo ou graça de Theresa May, as notícias que chegam do mundo da moda, confirmam o êxito de uma tendência "feísta", do domínio do feio, daquele feio que o mundo de Dilma e de seus assessores invadiu o Brasil.
Os exemplos mais citados pela imprensa especializada para ilustrar essa nova onda são as sandálias de ar ortopédico e impossíveis tamancos de plástico convertidos em exclusivo e caríssimo objeto de desejo feitas pela Crocs com desenho da luxuosa Balenciaga.

O feio está conquistando o mundo
O feio está conquistando o mundo

A beleza é um prodígio do nosso cérebro.

O belo não existe no mundo que vemos, ouvimos ou tocamos. Não reside em nada do que nos rodeia. Só está na mente dos seres humanos. O mundo não possui nenhuma beleza. E mais, a beleza é um enorme prodígio de nosso cérebro.
Antes, é certo, se pensava que a beleza era um atributo imanente das coisas do mundo. A beleza tinha sua existência em si mesma, nos objetos ou nos estímulos sensoriais externos, e a pessoa só era um sujeito passivo, contemplador da beleza. Em outras palavras, acreditávamos que a beleza era objetiva, com uma presença externa e eterna no mundo. Hoje sabemos que, pelo contrário, a beleza é algo subjetivo criado pelo humano e que não está fora, no mundo sensorial. Hoje a ciência entende que a beleza é criada pelo ser humano depois de observar e perceber certas características do objeto que contempla. A beleza é, de fato, uma construção mental feita de percepções, emoções, sentimentos e conhecimento.

O feio está conquistando o mundo

A beleza é fruto da experiência e educação que recebemos.

De fato, a apreciação da beleza é, em boa medida, produto da experiência pessoal e da própria educação recebida. Tudo isso faz com que alguns percebam de um modo especial a beleza na pintura, mas não na música - Sigmund Freud é o exemplo clássico desse tipo de pessoa. Também faz com que alguns valorizem as cores em uma tela, mas não tanto as formas. Ou que a música seja percebida de modo tão diverso por tanta gente diferente. Apenas um mero exemplo: o rock não era música para nossos pais, assim como o funk não o é para os da minha geração. Apenas uma diferença de geração exprime esse entendimento. Experiências diferentes? Educação diferente? O que faz tanta gente se distanciar de Stravinski e se apaixonar por Mozart ou por Bethoveen? Novamente: experiência ou educação? O que nos apequena frente ao Duomo de Milão e do Guggeinhem de Bilbao?

O feio está conquistando o mundo

A interação entre o córtex cerebral e o emocional.

Essa emoção que surge na apreciação da beleza é a que se expressa no prazer. Não no prazer básico, aquele que sustenta a sobrevivência do individuo, como são aqueles que obtemos com a comida, a bebida e a sexualidade ou o sono,quando nos privamos dele. O prazer relacionado com a beleza não o mesmo prazer do desejo e do orgasmo, que consumados, nos empurram para nos mantermos vivos. O gozo com a beleza se consegue por neurônios que se conectam com os responsáveis pelos prazeres básicos. Mas são prazeres relacionados com a cultura em que cada um vive e mais além do cérebro emocional e de sua atividade primitiva. são prazeres que nascem de uma interação muito estreita entre o nosso córtex cerebral e o cérebro emocional, por isso nenhum outro animal o possui. Dessa interação, além do entendimento da beleza, nasce a consciência, a compreensão, o entendimento, a razão humana. A beleza é isso em sua essência: nada mais que prazer e conhecimento.

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