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Em Pauta

Zoos humanos, quando o racismo era diversão popular

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/07/2020 08:45
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O imperador do Brasil, Pedro II, inaugurou orgulhoso uma exposição no Museu Nacional do Rio de Janeiro de sete indígenas levados desde o Espírito Santo. Era um sábado de julho de 1882. Para atrair a curiosidade popular, colocaram bodoques nos lábios dos índios. Foi uma sensação. Chegava ao Brasil a famigerada moda dos zoos humanos. O Brasil costuma ser rápido quando se trata de copiar maus feitos do primeiro mundo. Na triste época dos reizinhos e nobres de meia pataca, era ainda mais rápido.

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A mostra parisiense de 2011.

Em Paris, uma mostra antropológica do Quai Branly, relembrou, em 2011, os tempos em que seres humanos eram levados à Europa para serem apresentados nas chamadas exposições universais. O museu francês apresentou cartazes, filmes e pinturas que retratam como não europeus eram exibidos no final do século XIX, por serem considerados "exóticos".

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Um bilhão de pessoas nas mostras racistas.

O número de pessoas que visitaram esse show de racismo é inimaginável: cerca de um bilhão. Ocorreram na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, antes da típica crueldade dos reizinhos trazerem ao Brasil. Tudo indica que a maior exposição ocorreu em St.Louis, nos Estados Unidos. Foram apresentados de uma só vez, 20 mil africanos, asiáticos e sul americanos. Uma forma deslavada de racismo com a qual se fazia muito dinheiro. A de Paris, uma das primeiras, levou 400 africanos, asiáticos e peles vermelhas, incluindo naquela troupe, um cowboy. Recebeu 28 milhões de visitantes em seis meses.


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Fugiam ou morriam.

Os sete indígenas, disfarçados de botocudo, fugiram inúmeras vezes. Tais tentativas de liberdade, aguçaram ainda mais a curiosidade popular, levando novas multidões ao museu que pegou fogo recentemente. Aqui e no "Primeiro Mundo", raramente sobreviviam. Esses eventos expõem a forma brutal com que tratamos os indígenas. Certamente,  não expuseram negros, como na Europa, pois o Rio de Janeiro os conhecia bem, sob o jugo dos grilhões da escravidão.

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