Zoos humanos, quando o racismo era diversão popular
O imperador do Brasil, Pedro II, inaugurou orgulhoso uma exposição no Museu Nacional do Rio de Janeiro de sete indígenas levados desde o Espírito Santo. Era um sábado de julho de 1882. Para atrair a curiosidade popular, colocaram bodoques nos lábios dos índios. Foi uma sensação. Chegava ao Brasil a famigerada moda dos zoos humanos. O Brasil costuma ser rápido quando se trata de copiar maus feitos do primeiro mundo. Na triste época dos reizinhos e nobres de meia pataca, era ainda mais rápido.
A mostra parisiense de 2011.
Em Paris, uma mostra antropológica do Quai Branly, relembrou, em 2011, os tempos em que seres humanos eram levados à Europa para serem apresentados nas chamadas exposições universais. O museu francês apresentou cartazes, filmes e pinturas que retratam como não europeus eram exibidos no final do século XIX, por serem considerados "exóticos".
Um bilhão de pessoas nas mostras racistas.
O número de pessoas que visitaram esse show de racismo é inimaginável: cerca de um bilhão. Ocorreram na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, antes da típica crueldade dos reizinhos trazerem ao Brasil. Tudo indica que a maior exposição ocorreu em St.Louis, nos Estados Unidos. Foram apresentados de uma só vez, 20 mil africanos, asiáticos e sul americanos. Uma forma deslavada de racismo com a qual se fazia muito dinheiro. A de Paris, uma das primeiras, levou 400 africanos, asiáticos e peles vermelhas, incluindo naquela troupe, um cowboy. Recebeu 28 milhões de visitantes em seis meses.
Fugiam ou morriam.
Os sete indígenas, disfarçados de botocudo, fugiram inúmeras vezes. Tais tentativas de liberdade, aguçaram ainda mais a curiosidade popular, levando novas multidões ao museu que pegou fogo recentemente. Aqui e no "Primeiro Mundo", raramente sobreviviam. Esses eventos expõem a forma brutal com que tratamos os indígenas. Certamente, não expuseram negros, como na Europa, pois o Rio de Janeiro os conhecia bem, sob o jugo dos grilhões da escravidão.