Precisamos falar sobre o suicídio e sem tabus
A prevenção começa quando iniciamos diálogos responsáveis sobre a importância da saúde mental. Existem muitas crenças culturais sobre a abertura do diálogo sobre o suicídio, como a de que se falar sobre pode de maneira indireta suscitar ou estimular o suicídio, e não é colocando o suicídio como um tabu, que não pode ser falado ou comentado que isso fará os números de mortes diminuírem.
E é de forma responsável, cuidadosa e colocando a importância real sobre o cuidado a saúde mental é que possamos de fato prevenir e cuidar para que os casos não aumentem.
Quando uma pessoa pensa, idealiza ou tenta fazer algo ruim para sua própria vida, ela pode não estar conseguindo lidar com algum sentimento, que para a pessoa é forte o suficiente, para leva-la a cometer um ato. E na maioria das vezes o fato de não ter rede de apoio, dos familiares, amigos e colegas, fazem com que a falta de compreensão da gravidade que esses sentimentos se apresentam de forma extremamente grave e que faz com aumente as chances de ter um desfecho ruim.
Ao pesquisar dados em Mato Grosso do Sul, o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde de 2019, a taxa é de suicídio é de 10,8% a cada 100 mil habitantes.
Hoje o Suicídio é considerado um fator multifatorial, ou seja, algo que pode se apresentar por diversos fatores e não apenas em relação a depressão, como antigamente era estigmatizado.
Fatores como, isolamento social, econômicos, psiquiátricos, de acesso facilitado a meios letais, culturais, filosóficos, uso de substâncias entre outros, se apresentam como fatores de risco para levar a pessoa a ter atitudes que possam comprometer a própria vida.
O diálogo responsável, a disseminação de informações que possam auxiliar as pessoas que estão passando por momentos de vulnerabilidade, ou que estão passando por momentos de perdas, lutos, mudanças e transformações, é uma das formas de prevenção para que o sentimento não tome uma proporção ao qual seja irreversível ao ponto do pensamento, ato ou idealização da morte, seja o único caminho para lidar com o sofrimento.
Palestras, rodas de conversas, conscientização e responsabilização emocional e desmistificação do acompanhamento psicológico e psiquiátrico, são formas e maneiras de prevenir e direcionar o sofrimento, e ele deve ser visto, tratado e dado a real importância.
Hoje temos núcleos gratuitos para o acompanhamento e tratamento do sofrimento psíquico, como universidades, Caps de atendimento psicossocial e atendimento infanto juvenil.
(*) Lia Rodrigues Alcaraz é psicóloga formada pela UCDB (2011), especialista em orientação analítica (2015) e neuropsicóloga em formação (2024). Trabalha como psicóloga clínica na Cassems e em consultório.
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