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Economia

JBS pode abandonar negócio de R$ 500 milhões em Campo Grande

Obra, que está 50% concluída, seria entregue em 2018 e criaria 600 empregos

Osvaldo Júnior | 18/10/2017 08:25
Obra, em área de 280 mil m², seria entregue no primeiro semestre de 2018 (Foto: Divulgação/JBS)
Obra, em área de 280 mil m², seria entregue no primeiro semestre de 2018 (Foto: Divulgação/JBS)

Depois de anunciar a paralisação de abates de bois em 7 frigoríficos de Mato Grosso do Sul, a JBS estuda repetir a alegação de cenário de “insegurança jurídica”, para abandonar projeto de R$ 500 milhões em Campo Grande, cuja obra está adiantada. A possível decisão é o contra-ataque do grupo no “cabo de guerra” que tem, na outra ponta, a ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul).

O empreendimento, que prevê criação de 600 empregos diretos, corresponde a dois projetos do grupo, denominados Orygina e JBS Feed Solutions. Trata-se de complexo farmacêutico que reúne 12 empresas.

Com metade da obra concluída, em uma área de 280 mil m² na saída para Sidrolândia, o empreendimento seria entregue no primeiro semestre de 2018. O grupo, conforme apurado pelo Campo Grande News, estaria preparando um “mega lançamento”.

Como os projetos são de alta tecnologia, iriam empregar mão de obra qualificada. Dos 600 empregos previstos, 480 seriam para profissionais com nível superior.

A plataforma iria produzir princípios ativos farmacêuticos a partir de subprodutos derivados da cadeia de proteína animal. De acordo com a JBS, Mato Grosso do Sul foi escolhido por ter participação de cerca de 40% da produção nacional da empresa.

Agora, como resposta ao bloqueio de R$ 730 milhões, determinado pela Justiça na semana passada, o grupo deve transferir o negócio a outro estado, ainda não informado. A alegação é que a decisão judicial causa insegurança jurídica.

Parte interna da obra (Foto: Divulgação/JBS)
Parte interna da obra (Foto: Divulgação/JBS)

Projetos – “A Orygina é uma plataforma de produção de princípios ativos farmacológicos, derivados da cadeia de produção de proteína animal”, informa texto da JBS sobre o projeto. “Já a JBS Feed Solutions será uma plataforma de ingredientes para nutrição animal com alto valor agregado fabricados a partir de subprodutos resultantes da produção de proteínas”, acrescenta.

Conforme a empresa, os subprodutos – sangue, ossos, pulmão, vísceras, plasma, feto, etc. – representam 2,8 milhões de toneladas por ano da produção nacional da empresa. “A título de comparação, o País produz por ano 3,2 milhões de toneladas de feijão e 4,3 milhões de toneladas por ano de trigo”, ilustra.

O volume de subprodutos é significativo, porque representa parcela acentuada da produção da indústria de proteína animal, segundo informa a JBS. Dos bovinos abatidos, 38% correspondem a subprodutos; das aves, são 35%; e dos suínos, 25%.

Com esse material, é possível produzir, pelo menos, 50 itens com atividades farmacológicas, como heparina sódica, fio cirúrgico bruto, nadroparin e sulfato de condroitina.

Projeto do complexo farmacêutico (Foto: Divulgação/JBS)
Projeto do complexo farmacêutico (Foto: Divulgação/JBS)

Bloqueio – A decisão da Justiça de bloquear R$ 730 milhões da JBS atende pedido da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito da ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), que investiga os negócios da empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

Nessa “queda de braço”, a empresa também paralisa, nesta quarta-feira (18), as atividades das sete unidades de Mato Grosso do Sul.

Os 15 mil funcionários dos frigoríficos no Estado vão receber seus "salários normalmente até que a Companhia tenha uma definição sobre o tema", conforme nota divulgada pela empresa. A paralisação é por tempo indeterminado.

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