Novela que virou futebol de MS tem mais um capítulo

Inconformados com a demora em novas eleições da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), associados ligados ao presidente do Costa Rica Esporte Clube, André Baird, convocaram uma AGE (Assembleia Geral Extraordinária) para tratar de alteração do estatuto da entidade e da eleição do novo presidente, que querem que seja realizada ainda neste ano.

A convocação gera mais um capítulo na confusa novela que se tornou a liderança da entidade após a prisão do ex-presidente, Francisco Cezário de Oliveira, de 77 anos, investigado por corrupção no âmbito da Operação Cartão Vermelho, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

Depois da prisão, Estevão Antônio Petrallas assumiu interinamente a presidência da federação e marcou eleições para 1º de novembro. Entretanto, em 29 de outubro, o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva do Mato Grosso do Sul) suspendeu o processo eleitoral após um dos candidatos, Paulo Sérgio Telles, apresentar mandado que alegava descumprimento de prazos estabelecidos no edital de convocação para as eleições.

Já esta semana, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) concedeu efeito suspensivo à decisão de primeiro grau, determinando a continuidade do processo eleitoral para escolha do novo presidente. Ou seja, há, de um lado, mandato interino garantido a Petrallás pela CBF até 10 de abril, e de outro, determinação do STJD para a continuidade do processo. A federação não se manifestou sobre a situação.

E é em meio a todo esse imbróglio que surge a convocação para uma AGE por parte dos associados. O documento afirma que “é direito legítimo e absoluto dos filiados convocar a Assembleia Geral Extraordinária, desde que reúnam as assinaturas de no mínimo 1/5 (um quinto) dos associados, o que assegura a participação democrática dos filiados na gestão da entidade e a deliberação sobre temas de interesse coletivo”.

Em resposta à reportagem, Baird não disse quantas assinaturas teve para poder convocar a assembleia, alegando apenas que “o apoio recebido superou com folga o mínimo exigido”. Afirmou ainda que “a intenção dos associados é clara: evitar a prorrogação do mandato de um interventor e estabelecer uma liderança definitiva por meio de um processo absolutamente legal, legítimo e soberano, como prevê o Estatuto da Federação”.

No documento, publicado em jornal local, cita-se que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) manteve o mandato de Estevão Antônio Petrallas, que é presidente interino, mas afirma também que ele, 13 de novembro último, “abusando de suas prerrogativas (...) decidiu unilateralmente não cumprir a determinação de realização das eleições no ano de 2024, deixando o pleito para o ano de 2025”.

Conforme a convocação, a postergação das eleições para 2025 “afeta diretamente os direitos dos associados, especialmente no que tange ao Art. 16, parágrafo terceiro, do Estatuto, que prevê o direito ao voto com peso 3 (três) para clubes que participaram do último Campeonato Estadual da primeira divisão”.

Outro problema elencado é a possibilidade de que alguns clubes se tornem inadimplentes em relação à taxa de anuidade no ano seguinte. “Isso compromete a composição do colégio eleitoral e fere o princípio do interesse pela comunidade, uma vez que o equilíbrio democrático e a plena participação dos filiados são elementos essenciais para a boa governança da Federação”.

A assembleia está convocada para o dia 12 de dezembro, às 14 horas, no Centro de Convenções do Hotel Internacional, em Campo Grande.

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