Ao completar 96 anos, Manoel de Barros prefere um aniversário sem convidados
Não dá para deixar passar em branco o aniversário de Manoel de Barros, mas também não pareceu o bastante repetir as lembranças de todo o ano. Por isso, o Lado B resolveu ir pessoalmente até a casa do poeta para um abraço.
Aos 96 anos, completados nesta quarta-feira, um dos maiores nomes da literatura brasileira não terá festa pomposa. Vai comemorar quietinho, com a família, na casa da rua Piratininga, no Jardim dos Estados.
Hoje, o único contato de fora pela manhã foi com o dentista, que atende o poeta em casa, sempre que há necessidade.
Apesar da opção pelo dia calmo, quando alguém toca o interfone e diz que quer dar os parabéns pessoalmente, as portas se abrem.
Atenciosa, a filha Martha Barros é quem frustra os planos dos que deliraram ao pensar em passar alguns minutos ao lado do ilustre aniversariante. “Ele está muito velinho, prefere ficar só”, justifica.
A “cão de guarda” do poeta é artista também, ilustradora de diversas obras, inclusive de publicações do pai, como ”O livro de pré-coisas”, “Ensaios fotográficos”, “Tratado geral das grandezas do ínfimo”, “Cantigas por um passarinho à toa” e “Memórias inventadas – A infância”.
Ela não deixa a maioria se aproximar de Manoel, sempre sob a justificativa da saúde frágil do pai. Não dá brecha nem para os “chegados”, dizem amigos bastante próximos.
Bem, como não deu para beijar o aniversariante, ficam só os parabéns públicos. Não somos poetas, mas sabemos gostar, o que deve valer alguma coisa para o nosso Manoel.