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Com rock eletrônico, cantora católica sai de Campo Grande e lança disco em SP

Mariana Lopes | 16/06/2012 09:23

Um estilo de música pouco comercial e uma cantora que enfrentou os próprios limites para alcançar um sonho, plantado quando ainda era menina.

De volta ao local do último show com a banda Rastro, onde tudo começou... (Foto: Gustavo Monge)
De volta ao local do último show com a banda Rastro, onde tudo começou... (Foto: Gustavo Monge)

Um estilo de música pouco comercial e uma cantora que enfrentou os próprios limites para alcançar um sonho, plantado quando ainda era menina. De lá para cá, muita água correu, o rio seguiu um curso que nem mesmo Nandah imaginava, e hoje ela está prestes a lançar o primeiro disco da carreira, em São Paulo. Intitulado “Cheguei Até Aqui”, o álbum traz 12 músicas de rock eletrônico católico e remete à própria trajetória de vida dela.

Tudo começou aqui mesmo, nas noites em bares de Campo Grande. Cantora secular que tirou os holofotes de si para evangelizar. Nandah fez a primeira composição aos 17 anos, e com ela ficou em sexto lugar no Festival da Canção Nova, com uma música mariana, em 2003. A letra traduzia a história de conversão que mudou a vida da cantora. Evangélica desde criança, ela conta que, aos 13 anos, aprendeu a rezar o Terço e entrou em conflitos religiosos.

A entrevista rolou em frente ao Armazém Cultural, durante um final de semana que ela veio para visitar a família. Sentada no meio fio da rua de paralelepípedos, Nandah conta que teve uma infância frustrada, de uma criança que sonhava em cantar e não tinha talento algum. Já a adolescência, foi marcada pela depressão. "Passei por momentos difíceis, mas sempre tive minha mãe ao meu lado, que me dava muita força e era a minha alegria".

A caminhada dentro da igreja católica começou no mesmo ano que fez a primeira música, quando começou a namorar Adriano, hoje marido dela. “Ele foi a primeira pessoa a me dizer que eu cantava”, lembra Nandah.

Tudo veio paralelamente, a conversão e a música. “Não me tornei católica na emoção, estudei a doutrina da Igreja e me apaixonei”, diz Nandah. Já no campo musical, foi bem diferente. “Nunca estudei técnica vocal e eu não sabia cantar, por isso afirmo que canto única e exclusivamente porque Deus quer”.

O primeiro trabalho musical religioso foi com a Banda Rastro, na qual, entre idas e vindas, foi vocalista por oito anos. O último show dela com o grupo foi em 2009, no próprio Armazém Cultural. “Era a minha última tentativa fazer dar certo. Na minha cabeça, aquela seria a última vez que eu cantaria para Deus”, lembra, com a voz já embargada pela emoção.

Sorriso... "É isso que eu quero, tocar o coração das pessoas" (Foto: Gustavo Monge)
Sorriso... "É isso que eu quero, tocar o coração das pessoas" (Foto: Gustavo Monge)

Pouco tempo depois, ela anunciou carreira solo. “Foi uma decisão difícil, sofrida, não queria ser referência sozinha, sem banda”, conta. Mas, como ela mesmo diz, não fugimos daquilo que é nosso. Em 2010, ela deu início ao projeto do primeiro CD, com um produtor e amigo de São Paulo, Bruno Espíndola.

Em menos de um ano, a vida da cantora deu um giro de 360°. A decisão de se mudar para a capital paulista veio junto com muitas provações. “Passei por um deserto, larguei três empregos em Campo Grande para ter em São Paulo um salário que dava apenas para pagar meu aluguel”, diz Nandah, se lembrando que nos primeiros meses lá, a casa dela só tinha um computador, um microondas e um colchão.

Coincidência ou não, a entrevista com Nandah foi marcada por sorrisos entre lágrimas, carisma da Comunidade Irmãos de Assis, lugar onde, muitas vezes, ela buscou forças para continuar. As emoções foram da felicidade de chegar onde está misturada à lembrança de tudo o que passou e como tudo aconteceu.

Estilo - Sobre a dificuldade de cantar um estilo de música pouco comercial e com público bem segmentado, Nandah admite que é difícil e confessa já ter feito muitos shows para meia dúzia de gatos pingados, mas defende o rock eletrônico. “Trazer para a igreja esse tipo de música é atingir um jovem que precisa e que muitas vezes não encontra uma linguagem que o envolva”.

Para a cantora católica, o que vale é levar o evangelho. “Um dia desci do palco e uma menina me abraçou e disse que minha música era o que ela vivia... Nesse dia eu pensei: É isso que eu quero, tocar o coração das pessoas. E eu hoje eu clamo a Deus de uma forma diferente, só isso”.

Lágrimas... Nandah se emociona ao falar de pessoas... "São anjos que me trouxeram até aqui" (Foto: Gustavo Monge)
Lágrimas... Nandah se emociona ao falar de pessoas... "São anjos que me trouxeram até aqui" (Foto: Gustavo Monge)

Gratidão - Considerada a nova geração da música católica, na entrevista Nandah remete cada trecho da vida dela a uma pessoa. “Eu não consigo voar sozinha, tinha tudo para desistir, para dar errado, mas tive anjos que me trouxeram até aqui”.

Neste momento, não teve jeito. Entre tantos nomes citados, mãe, marido, Cris, Nelson, Antonielly, Arlene, Gustavo, Diego, Simão, Marília, Rastro, Beatrix, Estação XV... Os olhos marejaram e voz estremeceu. Um suspiro. E a entrevista chegou ao fim com Nandah resumindo o sentimento em “gratidão”.

Show - Apesar de o CD ainda não estar prensado, Nandah faz o show de lançamento do disco na noite deste sábado (16), no Summer Night, em São Paulo. O evento rola durante a madrugada, na casa de shows Moinho Eventos, próximo à Estação de Metrô Bresser-Mooca.

O cenário do show será bem parecido com o encarte do CD, cheio de cata-ventos. E com um sorriso sereno no rosto, ela deixa um recado ao final da entrevista: “Seja como um cata-vento nas mãos de Deus, guiado pelo vento do Espírito Santo”.

Também se apresentam nos palcos do Summer Night cantores e bandas católicas como Rosa de Saron, Adoração e Vida, Lírios do Vale, Missionário Shalom, Banda Dom, Suely Façanha, Davidson Silva, Via 33, Banda Iahweh, Banda Eterna, Dj Vermelho, entre outros.

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