Em 1960, bar Gato Que Ri era ‘point’ e deixou saudade nas famílias
Na Rua Dom Aquino, espaço tinha chefs de São Paulo e servia refeições do café da manhã ao jantar
Na década de 1960, o Gato Que Ri era o bar e restaurante mais requisitado pelas famílias campo-grandenses. Na Rua Dom Aquino, entre a Avenida Calógeras e Rua 14 de Julho, o espaço oferecia refeições completas e servia de ponto de encontro de associações, além de ser requisitado para eventos particulares.
Nelson Borges de Barros Filho administrou o bar que fechou as portas em 1964 deixando frequentadores apenas com memórias das reuniões entre amigos e familiares. Nelson faleceu em 2019, aos 83 anos. Ele deixou filhos, netos e a companheira de uma vida, Ilda Franciulli Borges de Barros, de 81 anos.
Ilda é quem recorda a história do lugar e relata que o nome foi inspirado num bar que o marido frequentava. “Meu sogro abriu e chamou meu marido, filho dele, para ser sócio. Esse nome foi tirado de um bar de São Paulo onde meu esposo frequentava e gostava muito, por isso desse nome”, diz.
Ela fala sobre o status que o bar conquistou na cidade e os eventos realizados. “Na época nosso Gato que Ri era tido como o melhor restaurante bar de Campo Grande. Era frequentado pela sociedade local da época. Fazíamos eventos, casamentos e reuniões de associações”, afirma.
Para servir os clientes, Ilda conta que foram contratados profissionais de outro estado. “Nossos chefs de cozinha foram trazidos de São Paulo, a culinária era completa com pratos tradicionais e internacionais, pois o chef era de culinária internacional. Funcionava desde o café da manhã até o jantar”, explica.
Apesar do sucesso, Nelson decidiu fechar o Gato Que Ri e investir em outro negócio. “Foi vendido em 1964, meu marido montou uma indústria de derivados do milho e começamos uma nova atividade. O novo comprador ainda permaneceu um tempo depois encerrou”, comenta.
Sem registros fotográficos do bar, Ilda só tem lembranças e saudade do bar. “Eu era recém-casada, era muito jovem, mas tenho saudades da época, pois sou paulistana e quando casei vim morar aqui. Foi muito bom, tenho boas lembranças, ficou saudades”, declara.
"Época de ouro" - Quem também tem muitas recordações e saudade do Gato Que Ri é Liete Flores Mendes, de 77 anos. Ela recorda que ia ao bar semanalmente com a família.
“Era chique na época, eu frequentei com meus pais, era solteira ainda. Eu, meu pai, minha mãe e irmã íamos todos os sábados. Almoçamos ou sentávamos lá, mas nunca fora. Era sempre lá dentro porque fora não era de bom tom para famílias boas. Olha que chique que éramos”, ri.
Liete reforça que nenhum outro restaurante superava a fama do estabelecimento. “Era frequentado pelas melhores famílias, era o melhor bar da época. O Bambu que abriu logo depois não era famoso como o Gato Que Ri”, frisa.
Após se casar, aos 19 anos, ela relata que parou de ir ao lugar que fez parte do período de ouro da Capital. “Tudo na vida da gente muda, foi uma época de ouro, não volta nunca mais”, conclui.
O prédio onde ficava o bar ainda existe, mas hoje serve como endereço de uma loja de cosméticos. A fachada mudou completamente, porém alguns detalhes da estrutura seguem preservadas, como a sacada e janelas.
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