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Consumo

Enquanto Brasil restringe, Paraguai regulamenta cigarros eletrônicos

Pneumologista alerta para doenças associadas ao uso e vê como positiva as medidas brasileiras

Por Kamila Alcântara | 12/09/2024 08:36
Mulher segura cinco tipos diferentes em vaporizador eletrônico. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Mulher segura cinco tipos diferentes em vaporizador eletrônico. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Diferente do que está sendo discutido no Brasil, a Câmara dos Deputados do Paraguai acaba de aprovar medidas sanitárias de regulamentação para a venda de cigarros eletrônicos. Por lá, a comercialização será semelhante ao cigarro comum, com alertas sobre os potenciais riscos à saúde.

Com a venda proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), apreensão dos DEFs (Dispositivos Eletrônicos para Fumar) contrabandeados do país vizinho é muito comum em Mato Grosso do Sul. Por isso, o médico pneumologista da Unimed, Ronaldo Queiroz, diz que essa infração não vai mudar por aqui, pelo contrário, a tendência é continuar enquanto as pessoas não entenderem os riscos.

"É, foi uma pena, eles não estão preservando a saúde dos jovens, com certeza, foi uma decisão equivocada. Agora, o contrabando já existe! É muito fácil você comprar um vape, um cigarro eletrônico aqui no Brasil. Em Campo Grande, mais fácil ainda, nós temos uma região de fronteira, com Ponta Porã, que facilita a entrada de todos esses dispositivos", avalia o especialista.

Para maior conscientização, Ronaldo leva a reflexão das consequência do uso dos vapes a curto e longo prazo. Segundo ele, já é possível encontrar pessoas diagnosticadas com inflamações nos pulmões que rapidamente evolui para pneumonia grave, às vezes o paciente necessita de intubação orotraqueal, internação em UTI e até ventilação mecânica. Já a longo prazo, o risco é o tabagismo.

"Se a gente não conscientizar, por meio de políticas públicas, nós estamos cultivando uma geração de pessoas que, no futuro, serão doentes muito jovens, que vão ter enfisema pulmonar, bronquite crônica e outras doenças associadas ao tabagismo com 45 ou 50 anos. Antes eram doenças que acometem pessoas de 70 anos. Ou seja, é uma geração que está fadada a ser uma portadora de doenças crônicas pulmonares", alerta.

Regras - Os cigarros eletrônicos, formalmente chamados de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), mas também conhecidos como vapes, pods, mods, conforme o modelo, foram proibidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2009. O projeto de lei de Soraya autoriza e regulamenta sua produção, comercialização, exportação, importação e consumo.

Conforme o texto, o consumo do dispositivo estará sujeito às mesmas regras do cigarro convencional, sendo proibido em locais fechados. A venda ou o fornecimento para menores de 18 anos ficam proibidos e quem desobedecer estará sujeito à multa, que varia de R$ 20 mil a R$ 10 milhões e detenção de dois a quatro anos. O relator aumentou o valor mínimo da multa, que, no texto original, era de R$ 10 mil e previu o reajuste periódico, conforme regulamento.

"O que queremos com a regulamentação é frear a utilização desenfreada daquilo que sequer sabemos o que é! A atual situação prestigia o crime organizado e deixa o poder público sem qualquer dado para enfrentar essa questão de saúde pública. O problema não está no dispositivo em si, mas no que há dentro de cada um deles. Discurso ideológico não resolve a questão", justificou Soraya.

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