"Cara do sertanejo" na Capital, morre de covid o promotor Gilson Braúna
Por mais de 15 anos, Gilson foi promotor cultural de shows de sertanejo em casas noturnas da Capital
A covid-19 levou mais uma vítima do meio cultural de Campo Grande. Desta vez, o promoter de sertanejo Gilson Faustina Maia, mais conhecido pelo nome artístico de Gilson Braúna, morreu da doença na madrugada de quinta para sexta-feira (16). Ele tinha 36 anos.
Segundo informações dos familiares próximos a Gilson, ele testou positivo para o novo coronavírus há 10 dias. Porém, já estava infectado há pelo menos 2 semanas e até se "curou".
"Nos primeiros dias, ele só ficou trancado em casa. Quando os sintomas ficaram mais fortes, ele foi ao médico e recebeu a recomendação de medicamentos e repouso. Porém, acabou que no último dia 26 começou a ter bastante falta de ar, isso antes do resultado da covid sair", esclarece uma parente da família que preferiu não se identificar e garantiu que Gilson não possuía comorbidades aparentes.
Com isso, Gilson foi hospitalizado no Regional de Campo Grande. Conforme o último boletim médico revelado à família, ele já havia desenvolvido anticorpos para a covid. O quadro, porém, acabou se agravando quando uma bactéria entrou na corrente sanguínea. Gilson não resistiu e faleceu na madrugada.
Carreira – Promotor cultural da cena sertaneja de Campo Grande, Gilson fazia todo tipo de festas, mas principalmente as violadas dedicadas ao "modão", como a conhecida "Fama". Tinha mais de 15 anos de experiência no segmento e, segundos os amigos, amava o que fazia.
Nos anos de profissão, Gilson pôde trabalhar diretamente com Munhoz & Mariano em início de carreira – "os dois tinham até o convívio de almoçar com a nossa família", revelou a parente –, além da cantora Delinha, da dupla Marco Aurélio e Paulo Sérgio, Patrícia e Adriana, Maria Cecília e Rodolfo, além de Zé Márcio e Cristiano. Esta última, inclusive, foi apresentada na noite campo-grandense pelo próprio Braúna.
"Mas ele era um defensor do 'fique em casa'. Era preocupado com a família e a saúde, até porque ele havia perdido o pai há poucos anos pela diabetes e ainda tinha a mãe idosa", afirma Paulinho Morais, 40, cantor, compositor, ex-vocalista do grupo Canto da Terra e grande amigo de Gilson desde a infância.
"Ele tinha a maior consciência de como estava a situação para todo mundo que trabalhava na cena do sertanejo e, mesmo assim, era o maior opositor de festas clandestinas. Tanto é que, ao invés de aglomerar, deu suporte em várias lives da União dos Músicos e incentivava a cultura sul-mato-grossense durante a pandemia, pela sobrevivência dos músicos. Até cogitou vender gado para ajudar o pessoal. Como amigo, ficamos muito tempo sem ser ver. Semana passada mesmo ele me ligou e até pediu para que eu cantasse por telefone. Vai deixar saudade…".
"Por 5 anos tive a oportunidade de ter Gilson trabalhando comigo no Casarão Sertanejo. A relação era realmente muito boa, afinal ele era considera 'o' cara do sertanejo da Capital. Ele movimentava muito por aqui, para mim e muitas casas e artistas. Ele sempre foi uma espontânea e honesta no que fazia. Por isso, posso dizer que deixou sua marca", lamenta Paulo Melo, 53 anos, empresário de casas noturnas de Campo Grande.
"Ele realmente era uma pessoa dedicada, um filho e pai amado. Estava em vias de comprar um apartamento para ficar mais perto da filha, que mora em Santa Catarina. Para nós, parentes e amigos, parceiro não tinha outro igual", finalizou a familiar.
Ainda não há informações sobre local e horário do enterro. Gilson deixa mãe, irmão, namorada e a filha de 15 anos.
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