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Meio Ambiente

Ação humana reduz habitat da onça-pintada e ameaça espécie no Pantanal

Queimadas, poluição e mudanças climáticas afetam bioma e são um risco à conservação, aponta relatório

Silvia Frias | 13/10/2022 08:08
Ações humanas afetam diretamente a conservação das espécies, aponta relatório. (Foto/Arquivo/IHP)
Ações humanas afetam diretamente a conservação das espécies, aponta relatório. (Foto/Arquivo/IHP)

Relatório elaborado pela WWF, organização ambiental independente, aponta que ação humana, poluição e mudanças climáticas estão reduzindo o habitat da onça-pintada no Pantanal, afetando diretamente a conservação dos animais, e levanta alerta para possível queda populacional desses predadores.

Entre os principais motivos está o crescente barramento dos rios da Bacia do Alto Paraguai, queimadas recorrentes que somente em 2020 atingiram 28% do bioma. Segundo dados do MapBiomas, a redução da superfície de água inundada por 6 meses ou mais no Pantanal entre 1985 e 2021 foi de 82%.

A gerente de ciências da WWF-Brasil, Mariana Napolitano, explica que, no Pantanal, a onça-pintada vive nas áreas baixas e inundáveis, que estão cada vez menores por causa da seca, barramento dos rios e queimadas, o que afeta a dinâmica das inundações, favorecendo a expansão das pastagens.

Apesar do relatório não ter dados sólidos sobre a população do felino no bioma, Mariana alerta para o risco. “A redução das áreas úmidas e as queimadas intensas que o bioma vêm sofrendo são exemplos importantes de dois fatores que impactam diretamente o tamanho populacional de grandes predadores”.

Os dados fazem parte da 14ª edição do Relatório Planeta Vivo, elaborado a cada dois anos desde a década de 1980. Ao lado das mais de mil espécies brasileiras que compõem o relatório, figuram populações do gorila da planície oriental, que tiveram um declínio estimado de 80% no Parque Nacional Kahuzi-Biega da República Democrática do Congo entre 1994 e 2019. No caso das populações do leão-marinho australiano, a queda foi de 64% entre 1977 e 2019.

Segundo a nova edição Relatório Planeta Vivo populações monitoradas de vertebrados - mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes - tiveram uma queda de 69% em média desde 1970. Entre 1970 e 2018, as populações monitoradas na região da América Latina e do Caribe encolheram 94% em média.

“Estamos enfrentando uma dupla emergência global provocada pelas ações humanas: a das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade, ameaçando o bem-estar das gerações atuais e futuras”, disse o diretor-geral do WWF Internacional, Marco Lambertini.

O relatório indica que os principais fatores do declínio das populações de vertebrados em todo o mundo são a degradação e perda de habitat, exploração, introdução de espécies invasoras, poluição, mudanças climáticas e doenças.

O relatório argumenta que aumentar os esforços de conservação e restauração, produzir e consumir alimentos de forma mais sustentável e descarbonizar rápida e profundamente todos os setores podem mitigar a dupla crise global.

Estudo - A edição deste ano inclui o maior conjunto de dados até agora, com uma forte contribuição de espécies brasileiras: no total, foram adicionadas 838 novas espécies (575 das quais são do Brasil) e pouco mais de 11.000 novas populações em relação ao relatório anterior, de 2020. Para o Relatório Planeta Vivo deste ano, colaboradores do WWF-Brasil e da Universidade de São Paulo pesquisaram em periódicos e relatórios de impacto ambiental em português.

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