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Meio Ambiente

Apesar da chuva, Boca da Onça segue seca e sem respostas sobre futuro

Ponto turístico com maior cachoeira do Estado precisa de 150 milímetros para voltar a ter queda d’água

Gabriela Couto | 14/09/2022 12:23
Montagem do antes e do depois com fotos da maior cacheira do Estado, Boca da Onça. (Foto: Instagram e Cristian Piana) 
Montagem do antes e do depois com fotos da maior cacheira do Estado, Boca da Onça. (Foto: Instagram e Cristian Piana)

A chuva que atinge boa parte do Estado nesta quarta-feira (14) ainda não foi suficiente para ter água caindo nos 156 metros de altura da cachoeira Boca da Onça, a 56 km de Bonito. Desde o dia 29 de julho, a maior cachoeira do Estado está seca por falta das chuvas na região. A situação tem se repetido ano após ano por conta das condições climáticas.

Segundo o gerente da fazenda que realiza o passeio de ecoturismo, Cristiano Godinho, 45 anos, é preciso de mais de 150 milímetros para que a água volte a água transbordar na queda d’água. “Hoje não choveu nem 10 milímetros”, relata.

No entanto a atração continua recebendo turistas para realizar a trilha que passa por outros pontos de mergulho e contemplação de cachoeiras. A reportagem pediu uma foto de como está a cachoeira hoje, mas Godinho acrescentou que a Boca da Onça está do mesmo jeito da última imagem publicada no Campo Grande News. 

Futuro – Quais os caminhos para resolver a falta de chuva na região? A situação não chegou a ser debatida pelo Comitê da Bacia do Rio Miranda, que atua nas discussões que abrangem a Serra da Bodoquena, onde está a cachoeira.

“Ninguém trouxe esse tema para discussão no comitê e nem no Conselho Estadual de Recursos Hídricos. O que já foi discutido em reuniões é o processo de degradação das nascentes, falta de mata ciliar e conservação do solo, que afeta a vazão dos rios”, afirma o presidente do comitê, Eduardo Coelho.

Já o secretário de Estado de Meio Ambiente, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, explica que o córrego que dá acesso a cachoeira é de baixa vazão, impactado pela crise hídrica no país. “Toda vez que seca, fazemos uma checagem ambiental no local com a Polícia Militar Ambiental e fiscais do Imasul (Instituto de Meio Ambiente). Não foi encontrado nada de errado lá, não tem crime ambiental. O problema é realmente de falta chuva e baixa capacidade hídrica.”

O biólogo e professor da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Sandro Menezes Silva, 58 anos, afirma que não tem uma resposta simples para o problema. “Tem que levar em consideração várias coisas. A região da Serra da Bodoquena é tarstica, uma região calcária. Todos sabem disso, que tem muitos buracos onde a água fica dentro dessa rocha. Quando diminui a quantidade de água, impacta em todos os atrativos turísticos”, destacou.

Neste processo de falta de água, os primeiros pontos a secarem são os mais altos da Serra da Bodoquena. “Precisaria de um bom volume de água para voltar a encher novamente. Estamos em um período de seca prolongada desde 2017. Se não chover ano que vem vamos estar falando da mesma coisa e talvez mais cedo”, alertou Sandro.

Ele acrescenta que a sociedade tem o papel fundamental de cobrar providências a respeito. “Uma delas poderia ser a implantação de fato da comissão do comitê de bacia hidrográfica da Serra da Bodoquena. Que trabalhem na forma de uso compartilhado do uso da água. Sem chuva para repor essa água que usa, a conta uma hora não fecha mesmo. Não é solução fácil e envolve diversos atores. Esses interessados precisam sentar na mesa e tomar as decisões. Além de rezar para São Pedro, pensar em ações de controle de desmatamento, por exemplo.”

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