Vistorias de barragens para evitar tragédia como a de MG começam na 4ª
Barragens do Maciço do Urucum, da Vale - mesma responsável pela barragem de Brumadinho -, serão uma das primeiras a serem vistoriadas
Começam na próxima quarta-feira (30) as vistorias nas barragens de minério em Corumbá, cidade a 419 quilômetros de Campo Grande. O rompimento da barragem de Brumadinho, MG, ontem (25) reacendeu o alerta sobre o estado das instalações de Mato Grosso do Sul, que também tem as mesmas características estruturais.
Receberão visitas técnicas, primeiramente a barragens no Maciço do Urucum, da Vale - mesma responsável pela barragem de Brumadinho -, e da Vetorial Siderurgia em Corumbá. No total o município tem 21 unidades, todas classificadas de baixo risco em relação a acidentes.
No entanto, conforme o secretário Jaime Verruck, titular da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), o incidente em Minas Gerais “mudou o olhar” sobre as instalações do Estado.
“O que aconteceu em Brumadinho, numa unidade com características muito próximas às que nós temos aqui vai implicar numa análise técnica muito mais detalhada”, assegurou.
Em 2015, logo após o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco em Mariana, MG, o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) também vistoriou as unidades.À época, a análise técnica não constatou quaisquer indícios que indicassem a possibilidade de uma ocorrência como a que atingiu Minas Gerais.
“Agora, mais uma vez vamos fazer uma checagem ainda mais aprofundada porque a barragem de Brumadinho também era considerada de baixo risco, assim como as nossas, então isso mudou o nosso olhar”, acrescenta.
Jaime detalhou que o grupo técnico de vistoria será composto por técnicos do Imasul em parceria com a secretaria do Meio Ambiente, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e engenheiros e geólogos do Crea-MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia).
Conforme o secretário a equipe não descarta a possibilidade de determinar às mineradoras, que reforcem as medidas estruturais de prevenção de rompimentos das barragens. “Nossos estudos apontaram que mesmo que houvesse alguma incidente o dano humano à cidade de Corumbá seria pequeno, mas o impacto ambiental ao Pantanal seria significativo, então por isso a nossa preocupação”, conclui.
Tragédia - O rompimento da barragem de rejeitos B1 ocorreu por volta das 12h (MS) de ontem (25), na Mina Córrego do Feijão em Brumadinho. A lama atingiu uma área administrativa da companhia e parte da comunidade de Vila Ferteco.
Até o momento, chega a 11 o número de mortos, de acordo com o mais recente comunicado das Forças Integradas de Segurança de Minas Gerais. Apenas uma mulher já foi identificada como sendo a médica Marcelle Cangussu, de 35 anos, que trabalhava na companhia.
O total de desaparecidos chega a 296, sendo 166 funcionários da Vale e 130 funcionários terceirizados. Das 176 pessoas encontradas com vida, 23 estão hospitalizadas, conforme a Agência Brasil.
A Defesa Civil Nacional, reconheceu o estado de calamidade pública em Brumadinho. Devido ao incidente, o Ibama multou hoje (26) a mineradora Vale em R$ 250 milhões.