Cris Duarte anuncia saída do Psol: “Sofri inúmeros ataques dentro do partido”
Eleita primeira presidente mulher da sigla no Estado, política foi filiada durante três anos
Após cinco meses ocupando a presidência do Psol (Partido Socialismo e Liberdade) em Mato Grosso do Sul, Cris Duarte anunciou ontem sua desfiliação do partido em meio a denúncias de violência política de gênero e machismo dentro da sigla.
O anúncio foi feito em publicação em uma rede social. “Senti na pele o gosto amargo das consequências emocionais de ser uma mulher ocupando o principal cargo dessa instância partidária”, diz um trecho do relato.
Ao Campo Grande News, a política explicou a situação. Segundo ela, os ataques começaram no ano passado, quando decidiu disputar a presidência estadual do partido na chapa contrária ao do então presidente, Lucien Rezende, que esteve à frente do Psol durante 15 anos.
“Ele não tinha nenhuma atuação política forte com o partido aqui e se sentia praticamente dono. Então, quando comecei a enfrentar, ele passou a me violentar psicologicamente, emocionalmente, fazendo ataques, acusações, mentiras, tudo que caracteriza violência política de gênero, tentando me enfraquecer para que eu saísse da disputa”, relata.
Mesmo com a chapa eleita, Cris assumindo como primeira mulher à frente do partido no Estado e Rezende ocupando o cargo de tesoureiro do partido, ela explica que as perseguições continuaram. “Durante esse período, ele estava impedindo todo o funcionamento, porque, para que as contas sejam pagas, precisa ter a minha assinatura e a dele e, ele não fez a transição do partido, não entregou nenhum papel, nenhum documento”.
A situação foi denunciada ao diretório nacional, ainda de acordo com a então presidente do Psol. “Vejo que no Psol isso acontece bastante, e eu não tenho visto esses agressores serem punidos, expulsos do partido então, para preservar, inclusive minha saúde emocional, decidi me afastar”.
Sobre as acusações, Lucien Rezende diz que foram apenas opiniões opostas. “O Psol é um partido que tem tendências e cada um pensa de um jeito. Os pensamentos que são divergentes do dela, ela encara como machismo”, afirma o político, que se mostrou surpreso com a renúncia de Cris.
“Eu me espantei com a decisão. Só que tem acerto dela com outros partidos, vocês vão saber em breve. Acho que é pano de fundo, achar pelo em ovo, para ir para outra legenda, porque dentro do partido foi tudo democrático”, conta, citando a eleição em que a chapa dele foi derrotada.
Questionada, Cris Duarte afirma que não conversa com nenhum partido. “No momento, não tenho nenhuma proposta, nenhuma articulação”.
Ela deve continuar no apoio às bandeiras de minorias. "Sigo em minha militância, me dedicando ao movimento feminista, me unindo às mulheres negras, indígenas e LGBT".
Quem assume o Psol no Estado – De acordo com o ex-presidente e atual tesoureiro do Psol, Lucien Rezende, com a renúncia de Cris Duarte, o próprio campo político que ela pertencia deve indicar um novo presidente estadual do partido. “Lá eles têm quadros bons, inclusive melhores que ela que podem estar assumindo”.