Puccinelli Júnior abre mão de cela de advogado para ficar com o pai
Atual etapa aponta prejuízo de R$ 235 milhões e afirma que o ex-governador era peça central na organização
Advogado, André Puccinelli Junior abriu mão da prerrogativa de ficar em uma cela especial para permanecer junto ao pai, o ex-governador André Puccinelli (PMDB), no Centro de Triagem do Complexo Penitenciário, em Campo Grande.
Na tarde desta terça-feira (14), os dois - além dos advogados Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves - passaram por audiência de custódia, na qual a Justiça determinou a manutenção das prisões. Os dois vão para o Presídio Militar.
Cada um deles entrou separadamente na sala do juiz Ney Gustavo Paes de Andrade. Os quatro são implicados na 5ª fase da Operação Lama Asfáltica, batizada de Papiros de Lama, que identificou prejuízo aos cofres estaduais de R$ 235 milhões.
André Junior iria para o Presídio Militar, onde ficaria em uma cela especial por ser advogado - profissional que possui o benefício garantido por lei. Agora, ambos vão para o Centro de Triagem, que também fica no Complexo de Segurança, no Jardim Noroeste. A transferência deve ocorrer ainda esta noite.
Desde o fim da manhã, os quatro permaneciam na sede da Polícia Federal, na Vila Sobrinho. Ao chegar, Puccinelli estava visivelmente abatido.
Na audiência, o MPF (Ministério Público Federal) pediu a manutenção das detenções. Renê Siufi, advogado da família Puccinelli, afirmou ao juiz que o ex-governador, já implicado em outras fases da Lama Asfáltica, colaborou com as investigações.
Pediu, portanto, uma medida cautelar diversa à prisão, o que foi rejeitado pela Justiça. Da mesma forma, o advogado André Borges, que atua na defesa dos outros dois advogados, pediu a revogação da detenção.
Explicou ao magistrado que seus clientes não são mais ligados ao Instituto Ícone, de ensino jurídico. A solicitação também foi rejeitada.
Papiros de Lama - A Polícia Federal, em conjunto com a CGU (Controladoria Geral da União) e a Receita Federal, deflagrou nesta manhã a 5ª fase da Operação Lama Asfáltica, batizada de Papiros de Lama. Além de Puccinelli e do filho dele, também foram presos os advogados Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves, ambos ligados ao Instituto Ícone, de ensino jurídico, e portanto, a Puccinelli Júnior.
Seis pessoas foram levadas para depor (alvos de mandados de condução coercitiva): André Cance, João Maurício Cance, João Amorim, João Baird, Mirched Jafar Júnior e Antonio Celso Cortez.
A PF foi também às ruas de Campo Grande, Aquidauana, Nioaque e São Paulo (SP) vasculhar 24 endereços.
Conforme a PF, a operação tem como alvo uma organização criminosa que teria causado pelo menos R$ 235 milhões em prejuízos aos cofres públicos. Bens das pessoas investigadas, que somam R$ 160 milhões, foram bloqueados.
André seria o beneficiário e garantidor do esquema de propina com a JBS, que teria repassado no mínimo R$ 20 milhões.