"Quem não aparece só na época da eleição" é candidato preferido do eleitor
Para os eleitores o próximo prefeito de Campo Grande precisa ter como prioridade saúde, educação e transporte
Há quem diga ser cedo para discutir as eleições de 2024, mas os partidos estão neste momento fazendo pesquisas internas em busca de informações sobre que tipo de candidato a prefeito tem mais chance com os eleitores. Querem saber também quais promessas as pessoas gostariam de ouvir dos novos governantes. Em busca de respostas, o Campo Grande News ouviu representantes de entidades e cientistas políticos.
A União das Associações de Moradores reúne 360 presidentes de bairros e vilas que representam em torno de 450 mil habitantes da Capital. Marco Antônio Mendonça ocupa a vice-presidência da entidade. "Saúde é a principal demanda, incluindo o novo hospital municipal e mais vagas em consultas", diz.
Sobre os vereadores, conta que a população pede que estejam mais presentes nos bairros. Tenham um escritório da Câmara na regiões para atender pedidos nas áreas de saúde e educação, por exemplo.
Eu costumo dizer para não votarem em candidato turístico que aparece de quatro em quatro anos, essa mudança tem que ter", declara Marco Antônio Mendonça.
O líder de movimentos comunitário ainda diz que além de saúde, as principais reclamações envolvem transporte coletivo e educação. "É preciso considerar abrir uma nova concessão para melhorar o transporte, ter mais ônibus nos bairros e mais opções de cursos em escolas à noite", detalha.
Outro problema bastante relatado envolve sinalização de ruas. "Em Araçatuba, por exemplo, tem placa em toda esquina. Em Campo Grande, só tem no Centro e, se não me engano, no Estrela do Sul", diz Marco Antônio. A falta de segurança também é citada com frequência: "Antigamente, tinha posto policial em vários bairros" relata Marco Antônio.
Entre os bairros da cidade com mais problemas, segundo a União das Associações, estão Parque do Sol, Dom Antônio Barbosa, Los Angeles, Mário Covas, Jardim Canguru e José Teruel.
Em ano de eleição, a associação enumera uma lista com demandas da comunidade. Neste momento está sendo feito um levantamento para ser finalizado entre janeiro e fevereiro de 2024. "Infelizmente, sempre existe uma frustração em relação à expectativa criada com a entrega do documento", conta Marco Antônio.
Para Jaime Teixeira, presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), é preciso resgatar o compromisso com a qualidade de vida. "Dez anos atrás, as pesquisas colocavam Campo Grande como uma das melhores cidades para se viver, temos que buscar isso novamente", diz.
"Queremos um prefeito democrático, que priorize a igualdade na distribuição do orçamento entre a periferia e o centro da cidade, melhorias no transporte e compromisso com as políticas públicas". O líder sindical acha que o acesso à educação também deve ser prioridade para o novo governante "oferecendo a quantidade necessária de vagas em creches, valorizando as mães que trabalham".
O Campo Grande News ainda buscou a opinião da engenheira agrimensora Vânia Mello, presidente do Crea-MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul). Ela diz que é preciso buscar soluções eficientes, econômicas e sustentáveis para os problemas da cidade. "Neste ponto destacam-se o trânsito, pavimentação, obras de infraestruturas projetadas considerando este crescimento cuja tendência é aumentar. Assim, esperamos que o novo gestor da nossa Capital atue utilizando para tanto soluções de engenharia para a infraestrutura, saneamento básico, uso e ocupação do solo do município", declara.
Cenário político - Professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), doutor em Ciências Políticas, Daniel Miranda diz que pelo cenário atual, há uma tendência muito grande à renovação. "Um jovem político, não digo em relação à idade, mas alguém que não tem um longo histórico. Pessoas que disputaram poucas eleições", explica.
Historicamente, a maioria dos candidatos que conseguiu chegar à cadeira de prefeito em Campo Grande vinha de grandes grupos políticos, principalmente aqueles liderados pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro). A exceção foi Alcides Bernal em 2012.
O PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), à frente do governo de Mato Grosso do Sul há quase uma década, nunca comandou Campo Grande. "O apoio de um governador com bons índices de aprovação, como é o caso de Eduardo Riedel neste primeiro ano de mandato, pode ser uma boa vantagem", ressalta Daniel Miranda. O deputado federal e ex-prefeito de Terenos, Beto Pereira é o pré-candidato tucano. "Ele não é conhecido em Campo Grande, terão que trabalhar esta questão", complementa.
O cientista político ainda cita que candidatos à reeleição também costumam sair em vantagem na disputa porque estão em evidência, são conhecidos da população, como é o caso da atual prefeita Adriane Lopes. Ela é pré-candidata do PP (Partido Progressista).
"Apesar de ter o presidente da República eleito, o Partido dos Trabalhadores não é um cabo eleitoral tão poderoso em Mato Grosso do Sul", diz Daniel Miranda sobre o cenário que envolve a pré-candidata da deputada federal Camila Jara à prefeitura. Ele lembra que mesmo sendo nova na política, a ex-vereadora já passou por votações expressivas.
Quem também colocou o nome à disposição foi o deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD), vice-líder do governo na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul).
Daniel Miranda acha que "de qualquer forma, a renovação será inevitável". Lembra que as últimas eleições foram muito polarizadas e para os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode haver uma divisão interna entre os nomes hoje considerados na disputa. "Capitão Contar, Marcos Pollon e Adriane Lopes têm apoiadores dentro do grupo", ressalta. Resta saber quem lá na frente será o candidato oficial.
Mas a disputa até o momento não tem apenas jovens lideranças, por enquanto o MDB considera o nome do ex-prefeito de Campo Grande e ex-governador do Estado, André Puccinelli.
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