Temer corteja deputados de MS atrás de votos para se livrar de denúncia
Elizeu Dionizio e Carlos Marun estão na CCJ, que analisa acusações contra o presidente
Na tentativa garantir votação contra a admissibilidade da denúncia de corrupção passiva na Câmara dos Deputados, o presidente Michel Temer (PMDB) aumentou o assédio a políticos de Mato Grosso do Sul.
Isso porque dos 65 deputados federais que vão votar pelo prosseguimento do processo oferecido pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o comandante do país, dois são da bancada que representa o Estado no Cogresso Nacional.
Elizeu Dionizio (PSDB) já era integrante titular Comissão de Constituição e Justiça e nesta quinta-feira (6), Carlos Marun (PMDB) “tomou o lugar” de José Fogaça (PMDB-RS).
Na próxima segunda-feira, dia 10 de julho, a CCJ começa a analisar a acusação de que Temer teria praticado corrupção passiva ao receber propina paga pela JBS. A denúncia oferecida pela PGR ao STF (Supremo Tribunal Federal) é baseada nas informações obtidas na delação de Joesley Batista, um dos donos da maior indústria de carne do Brasil.
Por causa do foro privilegiado, para garantir que não será processado durante o mandato, Temer precisa de mais de 40 votos na CCJ contra o prosseguimento da denúncia. Por isso, tem intensificado os encontros com políticos de Mato Grosso do Sul na tentativa de garantir votação favorável a ele.
Ofensiva – Conforme publicou Silvio Navarro, para a coluna Holofote da Revista Veja, na terça-feira (4), quando Reinaldo Azambuja (PSDB) almoçou com Temer, a pauta não teria sido só sobre os indigestos assuntos divulgados oficialmente pelas assessorias de imprensa do governador e da Presidência – divisão do ICMS e repactuação das dívidas com o BNDES.
O colunista apurou que Temer teria dado a Reinaldo a missão de convencer o deputado Elizeu Dionizio – ambos do partido que até agora é aliado do presidente no Congresso Nacional – a votar contra a admissibilidade da denúncia.
Logo que a gravação de Joesley Batista veio à tona, o parlamentar foi um dos primeiros a declarar que o PSDB teria de sair da base do governo e também assinou um dos pedidos de impeachment contra Temer.
Mas, caso Elizeu se recuse a atender ao pedido do presidente, ainda segundo a Veja, Reinaldo teria de “exonerar seu secretário de Fazenda, Márcio Monteiro (PSDB), para reassumir a cadeira na Câmara ocupada por Dionizio — que é suplente”.
No dia seguinte à conversa com o governador de Mato Grosso do Sul, Temer recebeu Dionizio para encontro que também contou com a presença dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), segundo a coluna Holofote.
PMDB – Nesta quinta-feira (6), o líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi, fez uma alteração na composição dos parlamentares do legenda que são titulares na CCJ. Integrante da “tropa de choque” do governo na Câmara, o deputado Marun que era suplente, tornou-se titular.
Corre nos bastidores que a mudança às vésperas do colegiado começar a analisar a denúncia da PGR é mais uma das estratégias de Temer para barrar o processo.
A reportagem tentou contato com o deputados, mas até o fechamento da matéria nenhum deles atendeu às ligações.