Família de fã morta prefere silêncio sobre investigação de responsável por show
Polícia Civil do RJ abriu inquérito para investigar a T4F (Time For Fun), que realizou show de Taylor Swift
A morte da estudante Ana Clara Benevides, 23 anos, na última sexta-feira (17), fez com que a Polícia Civil do Rio de Janeiro abrisse inquérito para investigar a empresa T4F (Time For Fun), responsável por organizar os shows da cantora norte-americana Taylor Swift no Brasil. Família da jovem não quis se manifestar sobre o processo.
De acordo com informações do Estadão, a Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) estará à frente das investigações e vai apurar o crime de perigo à vida ou saúde.
Segundo informado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, os organizadores do evento serão chamados para prestar depoimento, além disso, outras diligências estão em andamento, para que a morte de Ana Clara seja esclarecida.
Conforme apurado pelo Estadão, tudo o que os fãs relataram sobre a estrutura do evento e a disponibilidade de água será investigado.
O show foi no Estádio Nilton Santos, o Engenhão. Segundo relatos do público nas redes sociais, as pessoas eram proibidas de entrar no local com garrafas de água. O copo era vendido a R$ 8. Houve queixas sobre as filas, aglomerações e falta de informação.
A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com o pai de Ana Clara, José Weiny Machado, mas a homem informou que a família não vai se posicionar sobre o assunto.
A T4F também foi procurada, mas não retornou até o momento desta publicação.
Homicídio culposo – Segundo o advogado Daniel Romano Hajaj, especialista em direito do consumidor, em entrevista ao portal R7, a cantora Taylor Swift pode ser intimada para prestar esclarecimentos sobre o caso.
“Todos os envolvidos podem e devem ser acionados judicialmente, inclusive a cantora. Essa possibilidade é prevista no próprio Código de Defesa do Consumidor, que fala que todos os integrantes da cadeia de fornecedores respondem pelos danos, e é exatamente o que ocorre no caso. São várias as empresas envolvidas na realização do show", afirma.
O especialista diz ainda que a cantora norte-americana pode ser indiciada pelo crime de homicídio culposo, quando não tem intenção de matar.
“A cantora pode ser intimada e acionada, até porque, certamente, sua equipe acompanhou e aprovou o layout do palco e dependências do estádio. Ela pode responder no âmbito penal, por homicídio culposo, e no cível, arcando com uma indenização por danos morais e materiais aos familiares, já que falamos de uma jovem de apenas 23 anos, com um futuro promissor pela frente."
Em compensação, os advogados Mário Henrique Martins, especialista em direitos difusos e coletivos e Pedro Amorim de Souza, coordenador da área consultiva do Martins Cardozo Advogados Associados, afirmam que é pouco provável que a cantora será responsabilizada pela fatalidade.
"O evento é de responsabilidade direta da empresa organizadora, e não da artista que realizou sua apresentação (salvo se houver qualquer prova de uma efetiva responsabilidade contratual da artista). É improvável que haja a responsabilização de Taylor Swift na esfera criminal, uma vez que faltaria o elemento subjetivo indispensável: não há culpa ou dolo da cantora sobre o ocorrido", explica Mário Henrique, que reforça que a T4F, organizadora da turnê de Taylor no Brasil, pode, sim, responder por homicídio culposo.
O caso - Ana Clara morreu durante o show da cantora norte-americana Taylor Swift, realizado na noite de sexta-feira (17), no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ). De acordo com informações preliminares, a vítima assistiu ao início da apresentação, desmaiou e teve uma parada cardiorrespiratória. Ela foi socorrida e enviada para o Hospital Municipal Salgado Filho, mas não resistiu.
Segundo amigos próximos, ela estava no local desde as 11h. Ana Clara estudava na UFR (Universidade Federal de Rondonópolis), localizada em Mato Grosso, onde era bastante popular por fazer parte da organização de eventos de atléticas. Na maioria das postagens, os colegas falam dos anos de espera da estudante para o dia do show da "loirinha" e da paixão de Ana pela cantora.
A vontade de ver Taylor de perto fez com que a fã se esforçasse para ficar perto da grade, onde passou mal. Segundo o jornal Folha de São Paulo, pelo menos mil pessoas passaram mal em decorrência do calor no espaço, que registrou sensação térmica próxima a 60ºC. A entrada de garrafas de água, assim como outros recipientes, foi proibida pela organização.
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