Operação mostra tentáculos de milícia em quase todas as forças policiais
As investigações apontam ainda que a rede tinha alcance em vários setores das corporações, em Campo Grande e no interior
Inquéritos conduzidos pela Polícia Civil e MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) apontam que o “aparato de segurança” do empresário Jamil Name, principal alvo da Operação Omertà, contava com infiltrados em quase todas as forças de segurança pública. Desde maio, quando começaram as investigações que chegaram à Name, houve presos na Guarda Civil Municipal, Polícia Civil, Polícia do Exército e Polícia Federal.
Tudo o que foi levantado de informação, mostra ainda que rede tinha alcance em vários setores das corporações, em Campo Grande e no interior.
O Campo Grande News apurou que nesta sexta-feira (17) foram presos quatro policiais civis: Márcio Cavalcanti da Silva, lotado na Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), Elvis Elir Camargo Lima, da 1° DP de Ponta Porã, Frederico Maldonado Arruda, da Polinter (Serviço de Polícia Interestadual) e Vladenilson Daniel Olmedo, agente da Polícia Civil aposentado.
Elvis Elir já foi preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) em janeiro de 2013. À época, o agente trabalhava em Porto Murtinho.
A operação investigava pagamentos pela Prefeitura de Jardim de abastecimentos em postos de combustíveis para pessoas que não tinham vínculo com a administração pública. Elvis era alvo de mandado de busca, mas foi preso porque encontraram no armário dele, na Delegacia de Porto Murtinho, pistolas 9 milímetros e ponto quarenta, além de uma espingarda calibre 20.
Elvis respondeu ainda a acusação de tortura. Ele e Frederico Maldonado Arruda teriam agredido preso na delegacia da cidade 431 km de Campo Grande, em 2010. Os dois, porém, foram absolvidos.
Vladenilson Olmedo também já teve o nome envolvido com o crime. Em junho de 2008, pistoleiro Aparecido Roberto Nogueira, conhecido como Betão, era foragido da Justiça Brasileira, condenado a 20 anos de prisão, quando foi capturado por policiais paraguaios em uma casa em Pedro Juan Caballero, ao lado de llson Martins de Figueiredo e do policial, hoje aposentado.
Ilson, para relembrar, era sargento reformado da PM e segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, quando foi executado em junho de 2018. Betão também foi assassinado, em 2016.
Vladenilson se aposentou da Policia Civil, teve o beneficio cassado em novembro de 2008, recorreu e em 2015 teve a aposentadoria revalidada, com salário de cerca de R$ 9 mil.
Guardas – Além de Marcelo Rios, ex-guarda municipal preso em maio de 2019 com arsenal, e os colegas dele Robert Vitor Kopetski e Rafael Antunes Vieira, acusados de ameaçar a ex-mulher de Rios para atrapalhar as investigações da Garras (Delegacia (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros), hoje foram presos outros quatro servidores.
Presidente do Sindicato dos Guardas Municipais de Campo Grande, Hudson Bonfim, identificou os presos apenas pelo “nome de guerra” - Peixoto, Arantes, Igor e Eronaldo.
PF - O policial federal aposentado Everaldo Monteiro de Assis, suspeito de vazar informações de um sistema da polícia para milícia, completa a lista dos agentes da segurança presos nesta sexta-feira. O mandado contra ele foi cumprido em Bonito, distante 257 quilômetros de Campo Grande.
Conforme o delegado Fábio Peró, do Garras, o PF foi preso por policiais federais por força de mandado de prisão temporária de 30 dias. Perícia realizada no pen drive apreendido com Marcelo Rios revelou arquivos com devassa sobre a vida do fazendeiro Edilson Francischinelli, da região de Bonito. O dossiê foi elaborado pelo policial federal.
A operação – Apontado como chefe de milícia, o empresário Jamil Name é o principal alvo da Operação Omertá, deflagrada pelo Gaeco e pelo Garras, com apoio do Batalhão de Choque e do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), às 6h desta sexta-feira (27).
Ao todo, foram expedidos 23 ordens de prisões: sendo 13 mandados de prisão preventiva e 10 mandados de prisão temporária em Campo Grande. A força-tarefa ainda tinha 21 mandados de busca e apreensão para cumprir.
Os crimes investigados são organização criminosa atuante na prática dos crimes de homicídio, milícia armada, corrupção ativa e passiva.
Nome da operação, Ormetà é um código de honra da máfia italiana, que faz voto de silêncio.