À Justiça, Cesare Battisti alega que iria para Bolívia fazer compras
Juiz converteu a prisão em flagrante em preventiva, argumentando evasão de divisa e lavagem de dinheiro
Com a prisão preventiva decretada, Cesare Battisti, detido em Corumbá, alegou à Justiça Federal que iria fazer compras na cidade boliviana que faz fronteira com a cidade branca, Puerto Quijarro.
A audiência de custódia aconteceu por videoconferência, na Capital, nesta quinta-feira, dia 5, com o juiz Odilon de Oliveira. O italiano estava na Justiça Federal, em Corumbá. A prisão preventiva foi justificada pelo magistrado por evasão de divisa e lavagem de dinheiro.
Battisti disse que estava indo para Bolívia comprar equipamentos de pesca e jaqueta de couro em um centro comercial do país vizinho. A intenção dele, afirmou, nunca foi abandonar o Brasil, onde mantém refúgio.
"Nunca tive conhecimento que ir para zona franca fazer compras era ilegal", disse. No entanto, o MPF (Ministério Público Federal), que pediu a prisão preventiva, alegou que o italiano é reincidente e tem quatro condenações na Itália - por quatro homicídios.
Outro fator considerado pela Procuradoria da República e pelo juiz em sua decisão foi a quantia de dinheiro que Cesare carregava - R$ 10 mil em espécie, US$5 mil (o equivalente na cotação atual a R$ 15,6 mil) e 2 mil euros (cerca R$ 7,3 mil).
Tal montante e os documentos que detinha, como o passaporte, possibilitaria a ele permanecer na Bolívia, o que reforça a tese de fuga do Brasil.
Conforme o procurador Sílvio Pettengill Neto, Cesare não poderia deixar o País sem comunicar e pedir autorização aos órgãos competentes. Em tese, a tentativa de fuga dele pode lhe render a extradição para Itália.
Ao decretar a prisão preventiva, que é a detenção cujo período é indeterminado, Odilon de Oliveira, afirmou que o condenado não teve o "cuidado e o dever" que deveria ter no "país acolhedor" e argumentou que há fortes indícios de que Battisti tentava fugir para evitar uma extradição.
Destino - Caberá ao MPF e PF (Polícia Federal) a decisão sobre o local em que o italiano ficará preso. Ele permanece em Corumbá ou pode ser transferido para Campo Grande.
O procurador explicou que quando algum refugiado responde a processo no País que o abrigou, pela legislação brasileira, ele não pode ser extraditado. Mas já houve casos em que a situação foi revista, justamente o que pode ocorrer com Cesare, afirmou.
Battisti disse à Justiça que morava em Cananeia (SP) com um amigo depois que se separou da esposa. Eles residiam em São José do Rio Preto com o filho de quatro anos. Sem dizer a fonte de trabalho, o italiano disse que recebia de R$ 8 a R$ 10 mil por mês e pagava pensão ao filho pequeno.