Após nove meses de obra, posto da PM da Vila Margarida é reativado
Prédio foi reformado em ritmo de mutirão, como da primeira vez. População, empresários e militares. A área pertence a associação de moradores
Foram nove meses de espera e cuidado. O tempo foi o mesmo de uma gestação, mas o resultado da “cria” de comunidade e policiais foi a ativação do posto da Polícia Militar da Vila Margarida, fechado desde outubro para reforma.
O prédio pertence à associação de moradores do bairro e foi erguido na década de 1980 pelas mãos da vizinhança e dos policiais. Hoje, 25 anos depois, a história se repete. Com a ajuda de comerciantes da região, a mão de obra foi sendo feita aos poucos, em ritmo de mutirão, contando com voluntários e doação de materiais de construção.
Dentro dos colaboradores estão os próprios policiais. Militares que no turno oposto ao de trabalho trocaram a farda por pinceis e tintas. Arregaçaram as mangas e deixaram a base comunitária novinha em folha.
A ativação oficial do posto será feita nesta quinta-feira. Mas desde semana passada a obra em si estava pronta, só faltando os últimos detalhes. Em outubro de 2011 o posto fechou as portas. A aparência era de doer. Vidros quebrados, maçanetas inexistentes, pisos irregulares, paredes descascadas e o letreiro da PM apagado, fora os problemas hidráulicos e elétricos de uma construção antiga.
Hoje a cena é diferente. O branco e azul da fachada, o letreiro e o símbolo da Polícia Militar Comunitária estão mais do que visíveis. Por dentro, os “puxadinhos” que foram feitos anteriormente deram lugar a um projeto mais amplo. Duas salas, um alojamento, a construção de mais um banheiro e a cozinha que ocupou parte de onde era a varanda.
A estrutura chama a atenção mesmo de quem ajudou a construir. O eletricista Antônio Cândido Morais, 63 anos, foi hoje só buscar o material que havia deixado. “Ficou lindo, glória a Deus, estava fazendo falta, você quer dar uma queixa e agora está encostado aqui”, comenta.
A relação da vizinhança com a Polícia Militar vai além do papel de proteção e segurança, envolve confiança e laços de amizade. Durante o tempo em que eles não estiveram ali no posto, a sensação foi de perder um bom e velho vizinho. Entre os moradores é muito fácil ouvir as expressões de “meus policiais” e o nome de cada um deles, o que demonstra além do respeito, o afeto da população.
O dono do lava-jato da esquina, Gustavo Faria, 39 anos, conta da amizade que a proximidade com o posto fortaleceu. “Eu tenho mesmo uma amizade com eles por estar aqui. Quando precisa eu lavo viatura, lavo motocicleta”, diz.
Sobre o posto ele fala que além de bonito, trouxe de volta a imposição de respeito às leis. “Com o posto funcionando as pessoas não passam nem falando ao celular enquanto dirigem. Com certeza muda a segurança para a gente”, completa.
Do outro lado da via, uma simpática senhora relatou o alívio de ver o posto funcionando. São anos e anos morando ali, segundo ela sendo guardada pelos militares. “Nós aqui ficamos muito felizes quando falou que ia voltar, é uma alegria para nós. Eles sempre passam controlando aqui. Se continuasse sem, acho que a gente já ia entrar para as estatísticas, aquelas de violência”, descreveu Euda Pereira de Queiroz, 72 anos.
O comandante do 9° Batalhão da Polícia Militar, coronel Haroldo Luiz Estevão mostrava as instalações e ressaltando que agora o ambiente vai deixar os militares mais motivados.
“Se não houvesse a confiança da população na gente, eles não teriam propiciado isso”, disse. Desde o ano passado, com as portas fechadas, uma comissão entre militares e vizinhos foi formada para pedir de porta em porta a ajuda que as pessoas pudessem dar para a reforma do posto.
“A obra não ficou parada, seguiu a velocidade estabelecida pelas condições de material e de gente. Agora vamos continuar nossa atividade com o máximo de esforço possível para produzir bem e dar um retorno à comunidade local”, finalizou.