Após renúncia de advogados, Olarte negocia com defensor 'famoso'
Ex-prefeito esteve no escritório de Renê Siufi na tarde desta segunda-feira
Cinco dias depois que os advogados do ex-prefeito Gilmar Olarte renunciaram à defesa dele e da mulher Andreia Olarte, o pastor evangélico, alvo de três operações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), está em busca de um novo defensor. Na tarde desta segunda-feira (14), ele esteve no escritório de Renê Siufi.
“Estamos conversando, por enquanto foi só uma consulta”, disse o advogado confirmando que recebeu a visita de Olarte. “Não posso dar mais detalhes”, se esquivou em seguida, ao ser questionado pela reportagem na porta do escritório dele, na rua da Paz, no Jardim dos Estados – região central de Campo Grande.
A troca do ex-prefeito e da mulher dele, Andreia Olarte, se tornou pública no dia 8 deste mês, quando José Carlos Veiga Junior e Jail Azambuja entregaram a carta de renúncia à Justiça Estadual.
Em entrevista ao Campo Grande News, Veiga Junior afirmou que a renúncia foi decidida em comum acordo. “Não tem nada a ver com o processo, nada particular com ele também. É algo relativo a nossa relação entre advogados e clientes. Percebemos que ele queria trocar a defesa, então achamos melhor renunciar”.
Os defensores garantiram, na ocasião, que continuariam representando o casal Olarte por mais 10 dias, para que o ex-prefeito e a ex-primeira-dama apresentem à Justiça o nome do novo advogado. O prazo vence nesta sexta-feira (18).
‘Fama’ – Renê Siufi é conhecido em Mato Grosso do Sul por assumir casos de grande repercussão. Dentre os clientes “famosos” do advogado estão Adalberto Siufi, apontado pelo Ministério Público como líder da “Máfia do Câncer”.
Ele também representava, ao menos até setembro do ano passado, os vereadores Edil Albuquerque (PTB) e Paulo Siufi (PMDB) e também o ex-governador André Puccinelli (PMDB), alvos da Operação Coffee Break.
Operações – Olarte foi investigado nas operações Adna, que investigou os crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, além do envolvimento do pastor com agiotagem para levantar dinheiro para a campanha dele de vice-prefeito, e também na Coffee Break, que apurou a compra de votos dos vereadores para cassar Alcides Bernal (PP).
O ex-prefeito foi preso duas vezes, em outubro do ano passado, em decorrência da Coffee Break, e no dia 15 de agosto deste ano, na operação chamada de Pecúnia.
Acusações – A últimas acusações recaem sobre o casal, que em um ano e dois meses – de maio de 2014 a julho de 2015 –, teriam comprado três chácaras, cinco terrenos, dois imóveis em condomínio e começaram a construção de casa orçada em R$ 1,3 milhão no residencial Damha 2, em Campo Grande.
O período coincide com os meses que Olarte estava à frente da Prefeitura de Campo Grande, após a cassação de Alcides Bernal (PP), em março de 2014.
Para o Gaeco, a compra dos imóveis foi a forma que Gilmar e Andreia encontraram para lavar dinheiro desviado da administração municipal.
Eles respondem ainda por associação criminosa e falsidade ideológica, por contarem com a ajuda do corretor de imóveis Ivamil Rodrigues de Almeida e do empresário Evandro Farinelli e a mulher, Christiane Farinelli, para ocultar as propriedades.
Liberdade – Gilmar e a mulher passaram 42 dias no Presídio Militar Estadual e no Presídio Feminino Irmã Irma Zorzi, respectivamente. Enquanto isso, a defesa do casal tentou vários habeas corpus na Justiça Estadual, recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas só depois que Olarte renunciou aos cargos de prefeito e vice-prefeito, perdeu o foro privilegiado e o processo contra ele caiu para o 1º Grau, é que conseguiu que pedido fosse analisado por juiz local.
Além de usar as tornozeleiras, o casal está proibido de se ausentar da cidade e terá de entregar os passaportes para a Justiça. Eles também não podem fazer qualquer contato com os outros acusados.