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Capital

Barraco escapou, mas Ramão perdeu parte de horta em incêndio

Vítimas tentam contabilizar prejuízo e pensam em como vão recuperar barracos e pertences perdidos

Por Bruna Marques e Ana Beatriz Rodrigues | 27/07/2024 10:30
Ramão mostrando parte de sua plantação queimada (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)
Ramão mostrando parte de sua plantação queimada (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)

Apesar de não ter perdido o barraco que mora para o fogo, o incêndio que tomou conta da Aldeia Água Bonita, no Bairro Tarsila do Amaral, destruiu parte da horta do pequeno produtor, Ramão Coronel, 59 anos. Morador da comunidade há seis anos, era do cultivo das verduras que o homem tirava grande parte do sustento da família.

Além da plantação de cebolinha, rabanete, salsinha e coentro, Ramão perdeu também todas as ferramentas utilizadas para o cultivo da horta que ficavam armazenadas em barraco. “Agora é tentar recomeçar, ver o que tá bom e o que não estiver vamos ter que tirar. O que não queimou murchou por conta do calor”, disse.

No barraco onde as ferramentas eram guardadas, a esposa de Ramão estava cultivando plantas para posteriormente serem vendidas, no entanto, a plantação também foi queimada. "Minha esposa cultivado rosa do deserto, mas também queimou. Ainda não calculamos o prejuízo de tudo que perdemos”, afirmou.

Quem também perdeu grande parte de seus pertences foi a Josiane Dias, 40 anos. A casa que ela mora com o marido e os filhos de 7 e 10 anos ficou com a parte de trás completamente queimada. Ela e as crianças passaram a noite no abrigo montado para os moradores da aldeia no Poliesportivo Tarsila do Amaral.

“Eu vim agora cedo para cá porque dormi no abrigo. Perdi cobertas e roupas. Nem deu tempo de recomeçar ainda, estou tentando ver o que realmente perdemos. Meu marido passou a noite na nossa casa porque ficamos com medo do fogo voltar. Além disso, ontem na hora em que tentávamos salvar nossas coisas, levaram nosso botijão de gás e o sabão em pó”, informou.

Josiane Dias voltou para seu barraco na manhã de hoje para ver o que foi perdido (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)
Josiane Dias voltou para seu barraco na manhã de hoje para ver o que foi perdido (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)

Mãos solidárias – O idoso Antônio Ferreira Silva, 60 anos, mora em uma casa que fica aos fundos da mata onde o incêndio começou. Apesar de não ter sido prejudicado pela tragédia, ele ajudou as famílias apagarem as chamas antes da chegada do Corpo de Bombeiros.

“Eu vi que começou chegar mensagem no grupo do Whatsapp da aldeia e quando sai na varanda vi a fumaça e senti o calor. Já estava com muito fogo aqui. Antes dos bombeiros chegarem os vizinhos tentaram controlar as chamas com baldes de água, como minha casa é bem próxima, peguei minha mangueira para ajudar”, relatou.

Morador do local há dois anos, Antônio lamentou o ocorrido e agradeceu não ter sido vitima do fogo. “Foi desesperador. Graças a Deus não tive prejuízo e nem perdi nada, mas teve vizinho que perdeu tudo e isso é triste”, finalizou.

De acordo com o superintendente da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) Artêmio Miguel, foram acolhidas no abrigo 47 pessoas, totalizando 10 famílias. Sendo que 13 são mulheres, 8 homens, 7 adolescentes e 19 crianças.

"Nós disponibilizamos colchão, com lençóis para dormir, chuveiro para banho e alimentação. Vieram para cá ontem a noite, quase no fim da tarde e tudo que fosse necessário para higiene pessoal. As equipes ficaram aqui amparando as famílias que transformaram  o ginásio, o poliesportivo em um abrigo provisório. Hoje eles tomaram café da manhã e devem retornar para o almoço", explicou Artêmio.

As famílias estão sendo atendidas com o apoio da equipe do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) do Bairro Vida Nova.

Tragédia - O fogo começou por volta das 12h desta sexta-feira (26). Quatro equipes do Corpo de Bombeiros estiveram no local para controlar as chamas. Os moradores da aldeia afirmam que um homem com roupa branca ateou fogo no mato próximo. Os bombeiros ainda investigam a causa.

Ao todo, 700 famílias das etnias terena, kadiwéu e guarani-kaiowá moram no local, que continua sem energia. Famílias atingidas serão levadas para o Parque Tarsila do Amaral.

Parte da horta foi destruída pelo fogo (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)
Parte da horta foi destruída pelo fogo (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)

A prefeita Adriane Lopes foi até o local. Ela ressaltou que dará todo suporte para abrigar os atingidos. "Estamos averiguando os danos, nossas equipes estão aqui, até agora detectamos quatro casas atingidas, mas o fogo ainda não cessou. Assim que tiver todo levantamento vamos dar todo suporte necessário”, disse.

Vídeos enviados ao Campo Grande News mostram o desespero das famílias tentando controlar o foco com baldes de água. No local as chamas eram altas e tinha muita fumaça.

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