Crime em familia: pai está foragido, filha presa e mãe ficará com tornozeleira
Justiça manda prender 2 acusados de matar comerciante e enterrar corpo. A outra envolvida foi liberada, com monitoramento
O pai é procurado como foragido da Justiça. A filha está presa e vai continuar. A mãe será solta e ficará em monitoramento por tornozeleira eletrônica, por pelo menos seis meses. Essa é a partir de agora a situação da família acusada de matar o comerciante José Leonel Ferreira dos Santos, 61 anos, para ficar com a casa dele, na Vila Nasser, em Campo Grande. Duas decisões da Justiça, dadas entre a noite de sexta-feira (8) e a manhã deste sábado (9) estabeleceram a situação jurídica de Cleber Souza Carvalho, 43 anos, da mulher dele Roselaine Tavares Gonçalves, de 40 anos, e da filha do casal, Yasmim Natacha Souza de Carvalho, 19 anos.
A descoberta do crime de características macabras foi na quinta-feira (7), quando familiares denunciaram o desaparecimento de José Leonel à DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios). O corpo dele foi encontrado enterrado no quintal do imóvel, enquanto mãe e filha estavam na casa. O homem não foi localizado.
Roselaine e Yasmim foram presas em flagrante por ocultação de cadáver, crime com pena de até três anos de reclusão. Foi arbitrada fiança de R$ 21 mil para cada uma delas, pelo delegado responsável, Carlos Delano. O valor não chegou a ser recolhido e elas seguiram na carceragem da 2ª Delegacia de Polícia Civil.
Como é obrigatório por lei, essa prisão foi avaliada pelo plantão judiciário, e em decisão desta manhã, o magistrado Carlos Alberto Garcete decidiu homologar o flagrante das duas mulheres por ocultação de cadáver, dispensou o pagamento de fiança e concedeu a liberdade provisória sob condições, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica. Mãe e filha também não podem sair de Campo Grande.
Garcete avaliou, ainda, o pedido de decretação de prisão preventiva tanto das mulheres quanto para Cleber, feito pela promotora. Entendeu haver requisitos suficientes para mandar prender o homem preventivamente, mas não para as mulheres
A outra decisão – Na prática, o despacho de Garcete só terá efeito para Roselaine, que vai ficar em liberdade vigiada pela tornozeleira. É que em outros autos sobre o caso, a cargo do juiz Aluízio Pereira dos Santos, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri, foi decretada a prisão preventiva de Cleber e de Yasmim, na sexta-feira à noite.
O magistrado acatou solicitação do delegado Carlos Delano, para manter pai e filha na prisão, enquanto a investigação prossegue. Segundo a reportagem apurou, as provas colhidas, incluindo os depoimentos de testemunhas e das mulheres presas, confirmam que Cleber e Yasmim, pai e filha, agiram juntos para matar o comerciante e também na ocultação do cadáver.
Golpe de ferro e chutes - A cena descrita é de crueldade. Yasmim contou à polícia que, depois de arromar a porta da casa, com o plano de se apossar do imóvel na Vila Nasser, Cleber disse ao comerciante, já recolhido no quarto, que ele ia morrer. A vítima, segundo o relato, implorou pela vida, tentou fugir escapando para a cozinha, porém foi golpeada com uma haste de metal. Caiu, desacordada, e ainda foi atingida por chutes dados por Cleber.
Pai e filha, então, arrastaram o corpo para a varanda. No relato da jovem, ela foi embora e deixou o pai no local.
Sobre a origem de tudo, Yasmim contou à polícia ter sido chamada pelo pai para “matar o véio” e ficar com a casa dele, por ser “boa, bonita, e o porque o idoso não tinha familiares”. No imóvel, funcionava um pequeno comércio, na parte da frente, e havia uma construção em andamento, aos fundos, onde o cadáver foi enterrado.
A mulher de Cleber e mãe de Yasmim, Roselaine, segundo levantado, sabia do crime, ficou na casa normalmente mesmo com a vítima enterrada no quintal e agiu para despistar a polícia. Porém, não há evidências de que esteve na cena da morte, por isso não foi responsabilizada pelo homicídio.
Cleber fugiu em um Chevette amarelo. O veículo foi encontrado pela polícia no Centro de Campo Grande. Ele tem antecedentes por furto e direção perigosa, o que também foi considerado pela justiça para mandar prendê-lo.
A caça pelo fugitivo segue. O crime imputado a ele é de homicídio qualificado por motivo torpe e ainda ocultação de cadáver.
A apuração do Campo Grande News indica que a família do comerciante assassinado ainda não pode fazer o sepultamento dele, pois o corpo ainda não foi liberado pelo Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).