Dois "buracos" receberão entulho acumulado em um mês na Capital
Prefeitura define áreas para receber entulhos e aguarda autorização ambiental para começar a esvaziar as caçambas lotadas pela cidade
Toneladas de entulhos que lotam caçambas espalhadas por Campo Grande há quase um mês parecem já ter destino certo. Dois grandes "buracos", fora do perímetro urbano, devem receber nos próximos dias todo o material e lixo acumulado desde 15 de dezembro, quando o aterro do Jardim Noroeste foi fechado pela Justiça.
Nesta quinta-feira (12), Antônio Lacerda, secretário municipal de Governo, pediu ajuda ao Estado para resolver uma questão emergencial: onde jogar restos de construção, entulhos e outros materiais ? "Vão nos ceder uma área na Gameleira, onde já estamos fazendo um levantamento ambiental", adiantou Lacerda, confiante que a licença será liberada ainda esta semana.
O local fica a 16 quilômetros do Centro, junto à estradada da Gameleira, na MS-455, e tem, conforme o secretário, cerca de 6 mil metros cúbicos de capacidade - o que ainda seria insuficiente para receber todo o entulho acumulado. Por isso, dizem já ter definido uma segunda cava, com o dobro do tamanho, situada dentro do Assentamento Estrela, na saída para Três Lagoas - região leste da Capital.
"Os assentados querem um fim para este buraco. Então, vamos utilizá-lo para colocar o entulho e tapá-lo", explicou. Para tanto, a peregrinação de Lacerda seguirá para pedir autorização ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Pela manhã, ele chegou ao Parque dos Poderes, sede do governo estadual, acompanhado dos secretários José Marcos Fonseca (Meio Ambiente) e Rudi Fiorese (Obras) - recebidos pelo secretário estadual de Infraestrutura, Marcelo Miglioli.
Nesta quarta-feira (11), estiveram com o procurador Haroldo José de Lima, no MPE-MS (Ministério Público Estadual), tratando deste assunto - numa verdadeira "força-tarefa" para resolver a questão do entulho. As reuniões também envolvem a Solurb, concessionária responsável pela limpeza e coleta de lixo da cidade e que, conforme a atual gestão, terá de implantar 50 Ecopontos, além de recolher e descartar corretamente os resíduos. "Isto está previsto no contrato e nós vamos cobrar", garante Lacerda.
Aterro do Noroeste é passado – "Acatamos a decisão judicial e não vamos referendar irregularidades de gestões anteriores", afirmou Lacerda. Sobre o recurso impetrado pelo ex-prefeito Alcides Bernal (PP), tentando reabrir o aterro, a atual gestão declina. "Estamos encaminhando a desistência desse recurso, porque entendemos ser uma prática que não deve continuar", complementou, descartando qualquer possibilidade de reabertura.
Apesar de funcionar durante anos sem licença ambiental, até 15 de dezembro, o local era o destino “regular” para mais de 1,4 mil toneladas de resíduos da construção civil, produzidas diariamente na cidade.
Sobre o que fica – A despeito das montanhas de lixo que formam a paisagem do aterro desativado, a prefeitura ainda avalia como resolverá a questão. "Agora veremos o que fazer com o passivo desse aterro que fica no Noroeste", pondera Lacerda, cogitando uma possível parceira público-privada. Trata-se de uma área de propriedade do Município com oito hectares de extensão.
Famílias de catadores – Questionado sobre a situação de vulnerabilidade dos catadores que dependem do aterro para sobreviver, o secretário adianta que acionará a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) para fazer um levantamento no local, onde vivem cerca de 50 famílias.
Já a governadora em exercício, Rose Modesto (PSDB), diz que a segunda unidade do Programa Rede Solidária, a ser inaugurada em 13 de fevereiro no Jardim Noroeste, deve contribuir na inserção social dessas famílias.