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Capital

Ela já foi para cadeia por tráfico e ainda está presa à droga

Luciana Brazil | 02/10/2012 08:57
Ela já foi para cadeia por tráfico e ainda está presa à droga
Usuária de drogas há dois anos, jovem pede ajuda para laragar o vício
Usuária de drogas há dois anos, jovem pede ajuda para laragar o vício

Sem entender direito como a vida tomou o rumo errado, há dois anos a jovem de 27 anos, é usuária de pasta-base de cocaína. Ela lamenta o caminho que escolheu, e apesar do vício, declara confiante que “ainda vai mudar de vida”. Com rosto bonito e marcante, Vanessa se lembra dos tempos em que trabalhou como doméstica e vendedora, e repete incansavelmente que “quer muito sair dessa”.

“Eu quero ajuda e tenho certeza que minha vida vai mudar”. Hoje, consumida pelo peso da pasta-base, ela afirma que o companheiro influenciou o começo de tudo. “Não dá para colocar a culpa nele, mas eu comecei a usar, assim como estou hoje, há dois anos, quando conheci ele”. Depois de ser internada, só ficou três dias no local. "Voltei por causa dele".

 "Perdi a minha vida, perdi a dignidade, mas quero tudo de volta", afirma.

Vivendo com o namorado em uma casa no bairro Moreninha II, a história se assemelha com tantas outras, onde a droga é diariamente a protagonista.

Aos 14 anos, ela experimentou pela primeira vez o melado, a mistura de pasta base com maconha. Aos 17 anos o contato se tornou um pouco mais frequente, se transformando em diário depois que conheceu o atual namorado. “Quando eu era menor, eu fumava melado. Foi uma experiência cabulosa a primeira vez”, descreveu a jovem.

Nascida em 1985, a jovem perdeu o pai quando tinha 7 anos e mãe aos 17 anos, quando começou a usar a droga.

Em 2007, contratada para levar 3 kg de cocaína até São Paulo,  acabou sendo presa depois que o ônibus onde estava foi parado em Miranda em um posto de fiscalização. Depois de permanecer um ano e 10 meses presa, além de seis meses no semiaberto, hoje ela afirma que não quer nem pensar em viver novamente o que classificou como “uma das piores experiências de sua vida”.

“É um sofrimento psicológico, saudade da família. O ovo frito da rua é melhor que o da cadeia. Qualquer coisa é melhor”.

Na limpeza da casa, ela se lamenta do caminho que traçou.
Na limpeza da casa, ela se lamenta do caminho que traçou.

Ela ficou presa em Campo Grande e precisou ser transferida para Corumbá por causa do mau comportamento. “Na cadeia eu precisava de dinheiro, então alugava minha cama toda noite. Era R$100 por 15 dias”, explica, lembrando o quanto dinheiro é importante na prisão.

Mãe de três filhos, Vanessa não tem contato com as crianças. Afastada por causa da droga, ela se declara infeliz. A menina de 11 anos, um menino de 9 e a caçula de 5 anos fazem Vanessa se emocionar. Os filhos mais velhos estão abrigados no Conselho Tutelar e a caçula, segundo a mãe, está com uma mulher que não é muito a favor do contato entre as duas.

“Ela foi até o conselho e pegou minha filha dizendo que iria ajudar até que eu ficasse melhor. Mas esses dias fui ver minha filha e ela me disse: ‘você é minha mãe de barriga e ela é minha mãe de coração’ e não quis nem me dar um abraço”, conta segurando o choro.

“Um dia eu tava no beco e vi um menino de 9 anos fumando. Eu disse vaza daqui menino, fiquei me sentindo mal de ver aquele moleque ali. Pensei que podia ser meu filho e não quero isso para ele”.

Com uma nota de R$ 5 presa no cós do short, revela que dinheiro para comprar droga sempre aparece de algum jeito. Como se algum conselho fosse resolver, digo à jovem. “Vá comprar comida com esse dinheiro”, e logo ouvi “boa ideia”.

Adventista do 7° Dia, Vanessa até contou uma experiência que teve no dia anterior à entrevista . “Até arrepiei quando entrei na igreja. Eu estava dando um role na Moreninha (bairro) e resolvi entrar. Hoje eu vou voltar lá”, disse convicta.

Quando chegamos à residência, a jovem se recusou educadamente a dar entrevista, mas pouco tempo depois já falava como se estivesse entre amigos.

"Eu estudei até o primeiro ano do Ensino Médio e quero casar, ter minha família, ficar com meus filhos".

Apesar de dependência, o alerta contra as drogas, veio discreto, mas como alguém que sabia o que estava dizendo. "A maconha é suave, mas começa com ela".

O conselho só parece não ter servido para ela, mas a vontade de mudar está estampada no rosto. "Vou mudar, vai dar tudo certo".

A casa- Vanessa mora na casa que foi motivo de matéria no Campo Grande News há alguns dias. O local se tornou caso de polícia, mas com a boa vontade de um investigador da Polícia Civil, a situação foi resolvida na paz.

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