ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, QUINTA  05    CAMPO GRANDE 22º

Capital

“Eu matei a Sophia”: padrasto se culpou pela morte, afirma amigo em depoimento

Testemunha diz que deixou casa de casal após noite de bebedeira, mas voltou ao ser chamado por Christian

Por Anahi Zurutuza e Kamila Alcântara | 04/12/2024 18:31
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Convocado pela defesa de Christian Campoçano Leitheim, de 27 anos, acusado de espancar a enteada até a morte, o amigo do réu, Mateus Siqueira, afirma que estava com o padrasto da pequena Sophia Ocampo quando soube que a criança estava morta. Naquele momento, no dia 26 de janeiro de 2023, segundo a testemunha, Christian passou a se culpar.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

O caso de Christian Campoçano Leitheim, acusado de espancar sua enteada, Sophia Ocampo, até a morte, envolve testemunhos que revelam a dinâmica da noite anterior ao trágico evento. Mateus Siqueira, amigo do réu, relatou que estavam juntos quando souberam da morte da criança, e Christian expressou culpa, afirmando que "a culpa foi minha, eu matei a Sofia". A linha do tempo dos eventos, conforme relatórios do Gaeco, mostra que Christian estava ciente da condição de saúde de Sophia e relutou em permitir que ela fosse ao médico, sugerindo que a dor poderia ser algo trivial. O julgamento, que envolve acusações de homicídio qualificado e estupro de vulnerável, destaca a gravidade da situação e a responsabilidade da mãe, que também está sendo julgada por omissão.

“Eu estava junto com o Christian e quando a notícia da morte chegou por mensagem. O Christian: dizia ‘a culpa foi minha, eu matei a Sofia’”, narrou.

Siqueira contou ainda que ele, o amigo, Stephanie e as crianças – Sophia, a irmã bebê e o filho mais velho de Christian – foram para um bar na noite anterior à morte. Beberam e jogaram sinuca até por volta de meia-noite. Depois, todos foram para a casa do casal e ele saiu com a mãe de Sophia para comprar cocaína. O trio permaneceu acordado, bebendo, usando drogas e tocando violão até amanhecer. Foi quando Siqueira deixou a residência e foi para casa.

Área da casa na Vila Nasser no dia seguinte à morte de Sophia (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Área da casa na Vila Nasser no dia seguinte à morte de Sophia (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Ele diz não se lembrar direito do estado de Sophia naquele dia 25. “Não dei tanta atenção dela estar doente. Já tinha usado cocaína antes da Stephanie chegar do trabalho”.

A testemunha afirma que voltou à casa do casal, na Vila Nasser – região norte de Campo Grande –, depois que foi avisado pelo amigo que Stephanie havia saído para levar Sophia ao posto de saúde.

É com Siqueira que Christian conversa às 12h32 do fatídico dia, conforme áudio pinçado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) que produziu relatório com base nos dados extraídos dos celulares do casal refazendo as últimas horas de Sophia.

A garotinha aparece chorando ao fundo de áudio, sinal de que ainda estava viva e o padrasto estava acordado, ao contrário do que disse no interrogatório em juízo, no dia 5 de dezembro do ano passado. “Aliás, ao encaminhar áudio, via aplicativo mensageiro, é possível ouvir ao fundo da mensagem, a vítima queixar-se de dor, enquanto Christian se gaba com o amigo sobre a prática de sexo com Stephanie na madrugada anterior”, ressalta Ana Lara Camargo, chefe do Gaeco no documento.

Christian chama a relação sexual de “servicinho”:

Imagem: Relatório do Gaeco/Reprodução
Imagem: Relatório do Gaeco/Reprodução

A linha do tempo mostra que, por volta das 13h, há diálogos sobre medicamentos ministrados a Sophia, o que, segundo a procuradora, “desmente tanto a versão de que o acusado estava dormindo, quanto a de que só tomou conhecimento de que a vítima estava convalescendo quando ele foi despertado pela acusada”.

O relatório destaca a relutância de Christian em permitir que Stephanie levasse a filha ao posto de saúde. Ao amigo, diz que a dor abdominal pode ser motivada pela “pele esticando” ou “porque o osso da costela dela é meio alto”. Para o padrasto, na verdade, a mulher quer um atestado para faltar ao trabalho.

Por fim, o Gaeco traz foto tirada por Stephanie às 14h05, que mostra Sophia “desmaiada” em um colchão, “sugerindo evolução de um cenário crítico”. No fim da tarde, Christian avisa a mãe dele que a enteada não está respirando.

Christian Campoçano Leitheim durante tribunal do júri, na tarde desta quarta-feira (Foto: Paulo Francis)
Christian Campoçano Leitheim durante tribunal do júri, na tarde desta quarta-feira (Foto: Paulo Francis)

O júri – O julgamento pela 2ª Vara do Tribunal do Juri será realizado em dois dias, para que as 12 testemunhas arroladas por acusação e defesas sejam ouvidas, além dos réus e a argumentação dos advogados e da promotoria.

Christian é julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e praticado contra menor de 14 anos. Ele é acusado de espancar a enteada até a morte e também responde por estupro de vulnerável. Já a mãe é julgada por homicídio doloso por omissão, já que não impediu o resultado trágico da violência praticada pelo companheiro contra a filha.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias

Veja Também