“Eu matei a Sophia”: padrasto se culpou pela morte, afirma amigo em depoimento
Testemunha diz que deixou casa de casal após noite de bebedeira, mas voltou ao ser chamado por Christian
Convocado pela defesa de Christian Campoçano Leitheim, de 27 anos, acusado de espancar a enteada até a morte, o amigo do réu, Mateus Siqueira, afirma que estava com o padrasto da pequena Sophia Ocampo quando soube que a criança estava morta. Naquele momento, no dia 26 de janeiro de 2023, segundo a testemunha, Christian passou a se culpar.
RESUMO
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O caso de Christian Campoçano Leitheim, acusado de espancar sua enteada, Sophia Ocampo, até a morte, envolve testemunhos que revelam a dinâmica da noite anterior ao trágico evento. Mateus Siqueira, amigo do réu, relatou que estavam juntos quando souberam da morte da criança, e Christian expressou culpa, afirmando que "a culpa foi minha, eu matei a Sofia". A linha do tempo dos eventos, conforme relatórios do Gaeco, mostra que Christian estava ciente da condição de saúde de Sophia e relutou em permitir que ela fosse ao médico, sugerindo que a dor poderia ser algo trivial. O julgamento, que envolve acusações de homicídio qualificado e estupro de vulnerável, destaca a gravidade da situação e a responsabilidade da mãe, que também está sendo julgada por omissão.
“Eu estava junto com o Christian e quando a notícia da morte chegou por mensagem. O Christian: dizia ‘a culpa foi minha, eu matei a Sofia’”, narrou.
Siqueira contou ainda que ele, o amigo, Stephanie e as crianças – Sophia, a irmã bebê e o filho mais velho de Christian – foram para um bar na noite anterior à morte. Beberam e jogaram sinuca até por volta de meia-noite. Depois, todos foram para a casa do casal e ele saiu com a mãe de Sophia para comprar cocaína. O trio permaneceu acordado, bebendo, usando drogas e tocando violão até amanhecer. Foi quando Siqueira deixou a residência e foi para casa.
Ele diz não se lembrar direito do estado de Sophia naquele dia 25. “Não dei tanta atenção dela estar doente. Já tinha usado cocaína antes da Stephanie chegar do trabalho”.
A testemunha afirma que voltou à casa do casal, na Vila Nasser – região norte de Campo Grande –, depois que foi avisado pelo amigo que Stephanie havia saído para levar Sophia ao posto de saúde.
É com Siqueira que Christian conversa às 12h32 do fatídico dia, conforme áudio pinçado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) que produziu relatório com base nos dados extraídos dos celulares do casal refazendo as últimas horas de Sophia.
A garotinha aparece chorando ao fundo de áudio, sinal de que ainda estava viva e o padrasto estava acordado, ao contrário do que disse no interrogatório em juízo, no dia 5 de dezembro do ano passado. “Aliás, ao encaminhar áudio, via aplicativo mensageiro, é possível ouvir ao fundo da mensagem, a vítima queixar-se de dor, enquanto Christian se gaba com o amigo sobre a prática de sexo com Stephanie na madrugada anterior”, ressalta Ana Lara Camargo, chefe do Gaeco no documento.
Christian chama a relação sexual de “servicinho”:
A linha do tempo mostra que, por volta das 13h, há diálogos sobre medicamentos ministrados a Sophia, o que, segundo a procuradora, “desmente tanto a versão de que o acusado estava dormindo, quanto a de que só tomou conhecimento de que a vítima estava convalescendo quando ele foi despertado pela acusada”.
O relatório destaca a relutância de Christian em permitir que Stephanie levasse a filha ao posto de saúde. Ao amigo, diz que a dor abdominal pode ser motivada pela “pele esticando” ou “porque o osso da costela dela é meio alto”. Para o padrasto, na verdade, a mulher quer um atestado para faltar ao trabalho.
Por fim, o Gaeco traz foto tirada por Stephanie às 14h05, que mostra Sophia “desmaiada” em um colchão, “sugerindo evolução de um cenário crítico”. No fim da tarde, Christian avisa a mãe dele que a enteada não está respirando.
O júri – O julgamento pela 2ª Vara do Tribunal do Juri será realizado em dois dias, para que as 12 testemunhas arroladas por acusação e defesas sejam ouvidas, além dos réus e a argumentação dos advogados e da promotoria.
Christian é julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e praticado contra menor de 14 anos. Ele é acusado de espancar a enteada até a morte e também responde por estupro de vulnerável. Já a mãe é julgada por homicídio doloso por omissão, já que não impediu o resultado trágico da violência praticada pelo companheiro contra a filha.
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