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Capital

Em grupo de apoio, famílias dividem drama e trocam experiências sobre drogas

Mariana Lopes | 25/09/2012 18:15
 Em grupo de apoio, famílias dividem drama e trocam experiências sobre drogas
Na sede do "Amor Exigente", famílias compartilham dramas parecidos em grupo de apoio (Fotos: Minamar Júnior)
Na sede do "Amor Exigente", famílias compartilham dramas parecidos em grupo de apoio (Fotos: Minamar Júnior)
Há 16 anos no "Amor Exigente", Fernando traz na memória inúmeros casos de famílias que deram a volta por cima (Foto: Minamar Júnior)
Há 16 anos no "Amor Exigente", Fernando traz na memória inúmeros casos de famílias que deram a volta por cima (Foto: Minamar Júnior)

Droga. Uma palavra que gera preconceito, medo, curiosidade, mas quando ela entra pela porta de uma casa, o sentimento que prevalece é o de impotência, deixando algumas famílias sem saber como lidar com o drama de ver um filho ser consumido pela dependência.

Na oitava reportagem da série sobre o flagelo das drogas, o Campo Grande News mostra o trabalho do grupo "Amor Exigente", realizado por voluntários que oferecem ajuda às famílias de usuários que não sabem como ajudá-los a encontrar a porta de saída da situação e acabam sofrendo as consequências da dependência química.

Diante das drogas, quem vê o problema de longe ou até mesmo de perto, tem logo uma resposta pronta: clínica de recuperação. Porém, no Amor Exigente, o foco é trabalhar justamente a família, oferecendo apoio psicológico para que, então, ela possa ajudar o dependente.

Lá não tem uma receita pronta, tudo faz parte de um processo, que é desenvolvido paralelamente com o tratamento do usuário. O que o grupo faz é oferecer estabilidade emocional às famílias, que precisam estar preparadas para receber o dependente de forma diferente após o tratamento.

“É um grupo que troca experiências, muitas mães vêm aqui para buscar ajuda e para saber como ajudar o filho, mas depois que consegue interná-lo, é importante continuar o acompanhamento para saber como lidar com ele quando sair da clínica”, explica o coordenador regional do Amor Exigente, Fernando Orempuller Pulchério.

Na entrada da recepção da sede, um cartaz explica muito bem a filosofia do grupo. “O teu amor sem exigência, me humilha. A tua exigência sem amor, me revolta. O teu amor exigente me engrandece”.

Apesar de ser advogado e ex-militar, Fernando tem diploma de experiência de vida, que conquistou durante os 16 anos que atua no grupo. Ele conta que o mais difícil é mudar o comportamento.

Na bolsa, Iracema carrega um pôster com fotos que contam a trajetória do filho. (Foto: Minamar Júnior)
Na bolsa, Iracema carrega um pôster com fotos que contam a trajetória do filho. (Foto: Minamar Júnior)

Resultado - Há quem desconfie do método e da eficácia do Amor Exigente, mas o fato é que o grupo conta com 40 voluntários e praticamente 100% deles são pessoas que um dia foram lá buscar ajuda e hoje testemunham a própria vitória.

Exemplo de um desses casos é o da cabeleireira Iracema Serafim, 51 anos. O filho dela conheceu o mundo das drogas ainda criança, com apenas 9 anos. O menino começou fazendo com que a maconha chegasse dentro da escola, onde já havia os “clientes” certos.

Daí foi um pulo para consumo e o vício, que duraram oito anos. Quando o filho estava com 17 anos, Iracema resolveu procurar ajuda. Esgotada de tentativas vãs e no limite da dor por ver o filho se acabando nas drogas, ela foi atrás do Amor Exigente, e em pouco tempo teve forças para dar um “cheque-mate” na situação.

“Como ele era menor de idade, não podia colocá-lo para fora de casa, mas fui dura e disse que a partir dali era com ele, não daria mais meu apoio para nada”, lembra. Iracema conta que foi assim que a ficha do filho caiu, ao se ver sozinho.

Ele se tratou em uma clínica de recuperação e hoje, com 25 anos, mora no Paraná, tem uma dupla sertaneja e faz shows pelo Brasil. Na bolsa, Iracema carrega um pôster com fotos que contam a trajetória do filho, com fases de antes, durante e depois das drogas.

Histórias parecidas com a de Iracema passam diariamente pelos grupos do Amor Exigente. Embora não exista um cadastro que dê números exatos de quantos “finais felizes” o grupo coleciona, Fernando é capaz de puxar da memória inúmeros casos de famílias que deram a volta por cima e hoje vivem longe das drogas.

A sede do Amor Exigente fica na rua Senador Ponce, número 569, no bairro Monte Líbano, em Campo Grande. O telefone de lá é o 3026-4404.

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