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Capital

Empregadas revelaram à polícia relação “de uma vida toda” com patroa assassinada

Andreia Flores era madrinha de um dos netos de “Mah”, como chamava Lucimara, funcionária que planejou assalto

Anahi Zurutuza | 29/07/2022 18:07
Mãe e filha, Lucimara e Jéssica, foram presas por envolvimento na morte de patroa, Andreia Flores, durante assalto. (Foto: Reprodução das redes sociais)
Mãe e filha, Lucimara e Jéssica, foram presas por envolvimento na morte de patroa, Andreia Flores, durante assalto. (Foto: Reprodução das redes sociais)

Lucimara Rosa Neves, de 43 anos, não era só uma espécie de governanta da casa de Andreia Aquino Flores, 38 anos, há 7 anos, mas também considerada amiga da patroa. “Mah”, como era chamada pela vítima do assalto, tinha liberdade para usar o carro da pecuarista para fazer compras e atender outras necessidades da casa, chegou a ter acesso às senhas dos cartões da empregadora e dormia, quando quisesse, na residência da vítima. Mas, muito mais que isso, a relação era tão próxima que há três anos, Andreia aceitou ser madrinha do neto mais novo da empregada.

Nos depoimentos prestados à polícia, nesta quinta-feira (28), quando confessaram o plano para arrancar dinheiro de Andreia, Lucimara e a filha, Jéssica Neves Antunes, de 24 anos, deram detalhes da relação próxima que tinham com a vítima e alegaram que, por isso, a intenção não era matá-la. A ideia era que as duas fingissem ter sido feitas reféns por um assaltante em supermercado para lucrar com “susto” dado em Andreia, mulher de posses, herdeira de pecuarista conhecido na fronteira.

Antes de trabalhar para Andreia, Lucimara trabalhou para a irmã da patroa, de 40 anos. Jéssica contou que conhecia a vítima desde criança e que há três anos, passou a trabalhar como diarista nas casas onde a mãe exercia a função de confiança.

“Mah” revelou ainda que tinha dívida de R$ 4 mil e que a patroa havia se prontificado a ajudá-la a pagar, como em outras ocasiões que contribuiu para a governanta quitar débitos com agiotas.

Dada à extrema confiança, Lucimara era cadastrada no condomínio onde Andreia vivia como moradora. Mãe e filha também recebiam com frequência transferências de dinheiro da patroa e como a conta bancária da vítima tinha bloqueio contra fraudes, as contas das duas tinham registro em aplicativo para Pix da pecuarista como contatos favoritos.

Andreia Aquino Flores, que morreu ontem, aos 38 anos. (Foto: Reprodução das redes sociais)
Andreia Aquino Flores, que morreu ontem, aos 38 anos. (Foto: Reprodução das redes sociais)

O plano – A ideia de simular o roubo surgiu há 15 dias, explicou Lucimara, quando a irmã de Andreia lhe propôs pagamento de R$ 50 mil para que convencesse a patroa a assinar um documento, “usando os meios que quisesse”. As irmãs tinham uma briga relacionada a cabeças de gado.

Segundo a governanta, a irmã da patroa, contudo, não sabia detalhes do plano. A intenção, alega “Mah”, era lucrar algum dinheiro com o assalto e depois, fazer Andreia acreditar que a irmã havia enviado o criminoso como uma ameaça de morte.

Momento em que perícia chegou ao local do crime, no Chácara Cachoeira. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Momento em que perícia chegou ao local do crime, no Chácara Cachoeira. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Cronologia – Lucimara conta que chegou à casa da patroa, em condomínio luxuoso do Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, por volta das 6h40. Narrou à polícia que encontrou Andreia ainda acordada, fazendo uso de bebidas alcoólicas. Jéssica afirma que chegou às 7h.

As duas trabalharam normalmente. “Mah” disse que limpou a casa, recolheu garrafas de bebida, lavou a calçada, passou roupas e depois disso, chamou sua filha Jessica para ir às compras, em atacadista na Rua Marquês de Lavradio.

A nota fiscal do supermercado mostra que as duas terminaram de passar os produtos no caixa, às 10h16. Pelos itens, as empregadas desembolsaram R$ 786,69 pagos no cartão de uma delas depois que a patroa havia feito Pix de R$ 1 mil.

Conforme o plano, foi no estacionamento que Pedro Ben-Hur Ciardulo, cunhado de Lucimara, apontado como o homem que matou Andreia, se juntou às duas.

Do mercado, o trio passou em loja de utilidades, na Avenida Ministro José Arinos, para comprar a arma de brinquedo que seria usada na encenação. Depois, passaram em um posto de combustíveis para comprar cigarros e seguiram para o condomínio.

Na casa de Andreia, segundo as duas depoentes, primeiro entraram Pedro e Jéssica, fingindo estar refém. Ainda de acordo com os depoimentos, a vítima resistiu à investida do assaltante para amordaçá-la. Ela se debatia e ele apertava um pano contra o rosto dela, até que Andreia desfaleceu.

O nome da irmã não será divulgado porque até o momento não há provas contra ela. Só depois, o corpo de Andreia foi levado para o andar de cima da casa. “Mah” disse que jogou água na tentativa de acordar a patroa, mas foi em vão. Ela levou o assassino até a casa dele, no Tiradentes, voltou para a residência da patroa e junto com a filha, pediu ajuda a um vizinho.

O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 12h e às 12h20 de ontem, a Derf (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos), responsável por desvendar o caso, já havia sido chamada para a ocorrência de latrocínio, roubo seguido de morte.

Pedro Ben-Hur continua foragido, enquanto Lucimara e Jéssica estão presas e passarão por audiência de custódia na manhã deste sábado (30).

O nome da irmã não será divulgado porque, até o momento, não há provas contra ela.

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