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Capital

Ex-farmacêutico da Santa Casa comprou medicamentos que causaram mortes

Alan Diógenes | 15/08/2014 19:36
O farmacêutico chegou ao local acompanhado do advogado e não quis falar com a imprensa. (Foto: Marcos Ermínio)
O farmacêutico chegou ao local acompanhado do advogado e não quis falar com a imprensa. (Foto: Marcos Ermínio)

Em dempoimento de cinco horas, o farmacêutico Marcelo Koronat disse que fez a compra dos medicamentos que pode ter causado a morte de três mulheres durante o tratamento de quimioterapia, no mês passado. O depoimento acorreu na tarde desta sexta-feira (15) na 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande. Os medicamentos teriam ficado no estoque desde o mês de maio, quando o mesmo deixou o setor por que havia passado em um concurso público.

De acordo com a delegada Ana Cláudia Medina, responsável pelo caso, a diferença do trabalho desenvolvido por Marcelo, que trabalhou durante 12 anos na clínica terceirizada no período da manhã, é notável, em relação ao trabalhado desenvolvido pelo farmacêutico Raphael Castro, que havia assumido seu lugar. “Percebi durante o depoimento que ele é metódico em relação à manipulação e tinha bastante conhecimento na área. Já o Raphael ainda era inexperiente e quando começou a se adaptar às atividades do setor, aconteceu a explosão, que foram a mortes”, explicou.

Segundo a delegada, através do depoimento de Marcelo foi possível conhecer a metodologia de trabalho na sala de manipulação, os medicamentos que eram comprados por ele e o controle de estoque do setor. O farmacêutico também afirmou que quando estava trabalhando nunca havia presenciado nenhum acidente.

Em relação às falhas nos registros da manipulação de medicamentos, o farmacêutico confirmou que também não transcrevia o procedimento realizado no livro em sua época, conforme o protocolo pede. Quem fazia o registro das manipulações realizadas no período da manhã, era a farmacêutica Rita de Cássia Junqueira Godinho que trabalhava a tarde. “De manhã a demanda na sala de manipulação era maior, pois cerca de 30 a 40 pacientes eram atendidos no período. Já a tarde, o número de pacientes era menor, por isso, segundo Marcelo, era a Rita quem fazia o registro da manipulação, por isso houve falhas nesse processo”, comentou.

Sobre o relatório da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que informou nesta semana, que não houve falha na medicação, mas provavelmente um erro humano, a delegada disse que as informações “são peças que auxiliam a desvendar o quebra-cabeça”. “O relatório só divulgou informações que já tínhamos, ou seja, erros na prescrição até a infusão dos medicamentos. Mas nos auxiliou na investigação”, ressaltou.

Na próxima terça-feira (19) a delegada acompanhada de sua equipe acompanhará o sepultamento dos corpos, que foram exumados na semana passada para que fossem feitos exames necroscópicos. Através dos resultados deste exames, que devem sair em 20 dias a delegada pretende descobrir a verdadeira causa das mortes.

Carmen Insfran Bernard, 48 anos, Norotilde Araújo Greco, 72 anos, Maria Glória Guimarães, 61 anos, morream nos dias 10, 11 e 12 de julho, respectivamente, devido a complicações no tratamento de quimioterapia.

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