Para Zeolla, “justiça foi feita” e sentar no banco dos réus foi “péssimo”
Ele elogiou atuação do colega
Condenado pela morte do sobrinho, o procurador de Justiça aposentado Carlos Alberto Zeolla, considerou o resultado do júri popular realizado nesta terça-feira como justo. “Justiça foi feita”, declara.
Esta foi a primeira declaração de Zeolla à imprensa desde que matou com um tiro Cláudio Alexander Joaquim Zeolla, em março de 2009. “Há momentos de falar e há os de calar. Eu optei sempre pelo segundo momento”, justifica.
Aparentemente calmo e por vezes emocionado, Zeolla acompanhou o julgamento sentado no banco dos réus, vendo e ouvindo seu colega, o promotor de Justiça Fernando Zaupa, atuar no lugar em que ele ocupou por duas décadas.
Sobre estar do outro lado da ‘história’, onde sentaram muito dos que ele ajudou a condenar, o procurador aposentado define: “É péssimo” disse, acrescentando que durante as quase oito horas em que os olhares dos muito dos presentes no Plenário do Tribuna do Júri ficaram direcionados a ele, lembrou do tempo em que ali trabalhou.
“Foram 20 anos de Ministério Público. Antes disso, um ano como defensor público e três como policial”. E a experiência de Zeolla o fez reconhecer o trabalho do promotor responsável pela sua acusação. “Ele fez o trabalho dele de forma excelente, digna. O que é normal de se esperar de um membro do Ministério Público”.
O juiz presidente do caso, Alexandre Ito, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, também elogiou a atuação de Fernando Zaupa, ressaltando que ele agiu sem coleguismo. O magistrado ainda teceu elogios a defesa formada pelos advogados Ricardo Trad e José Belga Trada, pai e filho respectivamente.
Durante quase toda a segunda etapa do julgamento - réplica, tréplica e leitura da sentença -, o condenado ficou com um livro nas mãos. “Ganhei de presente hoje aqui”, conta Zeolla. O livro é Segue-me.... de Francisco Xavier.
Condenação- Zeolla foi condenado a oito anos de reclusão em regime semiaberto pelo homicídio contra o sobrinho e a seis meses de detenção em regime aberto por deixar um adolescente dirigir. O juiz determinou que ele continue internado na Clínica Carandá e que não haja perda do salário mensal que recebe como procurador aposentado.
Emocionado, o advogado Ricardo Trad explica que a defesa nem a acusação irão recorrer da sentença. De acordo com Ricardo, os jurados reconheceram que o ex-procurador agiu sob o domínio da violenta emoção e que o crime foi motivado pela vítima, no caso, a discussão e agressão ao avô, pai do autor.
Conforme o advogado, Zeolla já pode pedir a progressão para o regime aberto, mas isso não será feito porque a defesa e a família entendem que ele deva continuar internado. Ele só deve sair do tratamento psiquiátrico quando uma junta médica afirmar que está apto ao retorno do convívio em sociedade.
Segundo Ricardo, foram 4 votos a 3 pela condenação. “A defesa pediu a condenação”, lembrou.
De acordo com José Belga Trad, também pelo mesmo resultado o júri popular não reconheceu a coação moral irresistível (que esta era o única saída no caso) e a inimputabilidade (que ele não tinha consciência do ato).
Conforme ele, caso os jurados entendessem que Zeolla não sabia o que estava fazendo, o juiz poderia determinar medida de segurança. “O que na prática foi o que aconteceu. O juiz determinou que ele continuasse internado”.