Réu se recusa a ouvir acusação, que escancara crueldade contra Sophia
A primeira a apresentar tese da acusação para os jurados foi a promotora Lívia Carla Guadanhim Bariani
Após interrogatório de Christian Campoçano Leitheim, 27 anos, a promotora Lívia Carla Guadanhim Bariani deu início, às 10h30 desta manhã (5), a tese de acusação que escancara a crueldade contra Sophia.
RESUMO
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O julgamento de Christian Campoçano Leitheim, acusado de homicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável, revelou a brutalidade contra a criança Sophia. Durante a acusação, a promotora Lívia Carla Guadanhim Bariani detalhou as agressões sofridas por Sophia, incluindo um depoimento de uma médica que atestou que a criança chegou morta à unidade de saúde. A promotora apresentou evidências, como um vídeo de Christian rindo e comentando sobre as agressões, o que causou choque no público presente. O julgamento, que é a fase final do processo, deve culminar com a decisão do Conselho de Sentença ainda na mesma data.
O réu Christian Campoçano Leitheim, de 27 anos, acusado de homicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável, pediu para não assistir e saiu do plenário, antes mesmo de Lívia começar a falar. Ele já tinha pedido à defesa para não ficar, porque teve crise de ansiedade e recusou-se a permanecer no júri por algum tempo para não piorar. Já Stephanie de Jesus da Silva permaneceu durante todo o tempo olhando para baixo, sem esboçar nenhuma reação.
Os debates constituem a última etapa do júri, quando acusação e defesa apresentam suas teses sobre o crime julgado para os jurados. A previsão é de que a reunião do Conselho de Sentença e o anúncio do resultado pelo juiz, seja feito ainda nesta quinta-feira.
A promotora narrou sobre as surras que Sophia levava do padrasto, as falas de Christian com a Stephanie, relembrou o depoimento da médica da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Coronel Antonino, afirmando que a criança já havia chegado morta na unidade, com o corpo enrijecido.
Ela mostrou aos jurados o vídeo do médico legista explicando sobre a rotação do pescoço da Sophia, causadora da morte, as lesões que indicam o estupro, e a situação da casa do casal, com muita sujeira, após a morte da criança.
A promotora também colocou no telão Christian falando e dando risada, em áudio encaminhado para Stephanie, que havia dado uma chicotada cabulosa em Sophia e, se fosse com cinto de couro, teria sangrado. Neste momento, quem assistia ao julgamento no plenário ficou em choque. "Esse é o tipo de mensagem e a concordância da ré", disse a promotora.
Lívia Carla exibiu vários outros áudios e leu as trocas de mensagens do casal que demonstram como a violência contra Sophia e as outras crianças da casa era parte do cotidiano. Frases como "Bebe* gritando que nem uma retardada mental. Sophia 'endemoniada' aqui" e "acabei de dar um remédio para ela e um quebra-costela para ela dormir", que saíram da boca de Christian, chamaram a atenção dos jurados e audiência.
"Ninguém está dizendo que a Stephanie não sofreu, mas temos convicção que ela sabia e a omissão dela foi fundamental para que Sophia fosse morta", afirmou a promotora. "A vítima aqui só tem uma, que morreu sofrendo maus-tratos de uma mãe omissa e de um padrasto agressivo", completou.
A tribuna voltou-se então aos jurados para dizer que Christian e Stephanie "merecem ser condenados pelo homicídio". Reforçou ainda que as qualificadoras - que fazem aumentar a penas - devem ser levadas em conta. "Devem ser condenados por homicídio pelo motivo fútil. Vocês viram ali... Por que agrediram? Porque não quis comer, porque não para de chorar, porque está ‘endemoniada’", disse, acrescentando que Sophia foi morta por "meio cruel, porque essa criança avisou que passava mal, que estava com dor na barriga e o que fizeram, foram para a sinuca, foram usar drogas".
Josemar Fogaça, assistente da acusação e irmão da advogada Janice Andrade, falou por alguns minutos para encerrar a abertura dos debates. Pediu que a justiça fosse feita. "Estamos aqui, eu e a Draª Janice representando a família da vítima. Diante de tudo que foi mostrado eu venho aqui pedir justiça, porque nós temos acompanhado o sofrimento do Jean [Ocampo, pai de Sophia], a gente quer justiça por Sophia. Eu peço senhores jurados que façam justiça. Não é uma questão emocional. Quando se pune um assassino, purifica-se a cidade. Não há dúvidas que eles mataram a Sophia. Eu peço a condenação com todas as qualificadoras".
(*) O nome da criança, irmã mais nova de Sophia, foi preservado em atenção ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
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