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Capital

Testemunha e imagens indicam que lutador teve intenção de matar

Nadyenka Castro e Ricardo Campos Jr. | 29/03/2011 10:57

Rapaz agrediu segurança quando ele já se sentia mal

Acompanhado por advogado, Christiano prestou depoimento nessa segunda-feira e saiu com o rosto escondido pela camiseta. (Foto: João Garrigó)
Acompanhado por advogado, Christiano prestou depoimento nessa segunda-feira e saiu com o rosto escondido pela camiseta. (Foto: João Garrigó)

O relato de uma testemunha e 24 segundos de imagens feitas pelas câmeras da casa noturna onde trabalhava o segurança Jefferson Bruno Escobar, 23 anos, foram decisivos para que a Polícia Civil entendesse que o lutador de jiu-jitsu Christiano Luna de Almeida, de 23 anos, teve intenção de matar o trabalhador. Com isso, o bacharel em Direito pode ser levado a júri popular.

A delegada Daniela Kades, responsável pela investigação, explica que os 24 segundos mostram Christiano agredindo o segurança mesmo quando este já havia demonstrado que estava passando mal, após as primeiras agressões.

De acordo com a delegada, a “testemunha chave”, um adolescente vendedor de bombons, contou que ouviu o segurança dizer ao autor que não estava bem e este respondeu: “Eu quero que você se f.....”.

Para a Polícia Civil, as duas situações somadas ao resultado do exame necroscópico, o qual aponta traumatismo toráxico, duas costelas quebradas e descarte de infarto e aneurisma, indicam que Christiano assumiu o risco de matar ao continuar agredindo Jefferson mesmo tendo sido alertado pela vítima.

Vinte e uma pessoas foram ouvidas e somente três delas, todas amigas do autor, disseram que Jefferson agrediu Christiano. No entanto, ao ser preso logo após o crime, foi submetido a exame de corpo de delito que constatou apenas uma lesão leve em um dos braços.

Christiano prestou depoimento nessa segunda-feira e chorou. Ele disse que não queria matar o segurança e que gostaria de se retratar.

Rafael, de boné, com a mãe, se uniu a família de Jefferson em manifestação no Fórum de Campo Grande. (Foto: Ítalo Milhomem)
Rafael, de boné, com a mãe, se uniu a família de Jefferson em manifestação no Fórum de Campo Grande. (Foto: Ítalo Milhomem)

Brigão - Christiano tem fama de brigão. Seguranças de outros locais disseram à Polícia Civil que o lutador já foi expulso de várias casas noturnas e brigava constantemente.

Em 2005 ele foi suspenso da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), onde cursou Direito, após uma briga no estacionamento da instituição de ensino. Quatro anos depois ele agrediu Rafael Mecchi, de 22 anos, durante uma confusão na saída do Parque de Exposições Laucídio Coelho.

O comportamento dele também contribuiu para o indiciamento por homicídio doloso, e desqualificação da lesão corporal seguida de morte, que havia sido verificada inicialmente.

O motivo- Christiano foi expulso da casa noturna localizada na avenida Afonso Pena após importunar um garçom e depois o segurança.

Ele passou a mão nas nádegas do garçom por duas vezes e foi advertido por Jefferson. O lutador foi atrás do segurança e houve uma discussão. Foi então que ele teve que ser retirado do local.

Outro crime - O lutador deve ser investigado também por injúria qualificada pelo racismo. Ele teria dito palavras racistas ao grupo de seguranças da casa noturna.

Júri popular- Agora, cabe ao MPE (Ministério Público Estadual) e a Justiça também entenderem que Christiano teve intenção de matar Jefferson para que ele seja julgado pelo Conselho de Sentença, formado por sete pessoas “comuns” que representam a sociedade.

O MPE já se pronunciou a favor da culpabilidade por homicídio. O órgão precisa se manifestar oficialmente à Justiça, que após ouvir testemunhas, o acusado e analisar as provas, define se haverá júri popular.

Família- A entrevista coletiva à imprensa foi acompanhada pela prima de Jefferson, Mayara Gonçalves, 23 anos, bacharel em Direito.

Ela declarou que a família está satisfeita com o indiciamento, que ela chamou de “primeira vitória” e que serão feitas mais manifestações para não deixar o crime no esquecimento.

”Quando soube do indiciamento por homicídio liguei para minha avó [Jefferson morava com ela] e ela falou que até ontem não tinha conseguido dormir. Ontem iria dormir porque viu que a justiça começava a ser feita. Para minha família foi a primeira vitória”, disse Mayara.

Segundo ela, uma vez por mês será feita uma manifestação em Campo Grande.

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