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Cidades

Com parente investigado pela PF, advogado teme risco de generalização

Adriano Fernandes | 28/07/2018 09:07
Carlos Molina é advogado, bancário e se queixa pela reputação da família ter sido afetada com a investigação. (Foto: Adriano Fernandes)
Carlos Molina é advogado, bancário e se queixa pela reputação da família ter sido afetada com a investigação. (Foto: Adriano Fernandes)

Uma família tradicional, conhecida por todos pelo pioneirismo em um município pequeno, com cerca de 18 mil habitantes. Mas que se viu abalada após ter o nome associado a uma investigação da Polícia Federal. Assim descreve o advogado de Mundo Novo, Carlos Molina, que teve seu nome e de familiares próximos, atrelado a uma série de denúncias, depois que um outro familiar, o policial militar Silvio César Molina, passou a ser investigado na Operação Laços de Família.

Silvio é apontado pela Polícia Federal como chefe de uma quadrilha, ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e que, segundo as investigações, lucrava com o tráfico de maconha por todo o país. De acordo com o advogado e que é também bancário, parte da família, que nunca sequer manteve contato frequente com o suspeito, sofre as consequências das acusações.

“Os principais prejudicados acabaram sendo nós, mesmo sem ter nenhum envolvido com as denúncias. A prova disso é que tanto o meu nome, de meu pai ou outros familiares mais próximos, nunca foram nem citados no inquérito. Mas gerou um mal entendimento enorme entre os moradores”, comenta Carlos.

O advogado explica que a família é uma das mais tradicionais do município, chegou a região antes mesmo da emancipação e por conta disso são conhecidos por muitos moradores, como é comum em cidades pequenas do interior. Mas do dia para a noite viram toda a rotina alterada. 

“Mesmo eu e minha família sempre tendo um trabalho social muito importante na cidade, passamos a atrair a desconfiança das pessoas. Presido uma instituição que depende de doações. Tenho uma visibilidade por ser bancário, tenho meus clientes como advogado. Tudo isso foi comprometido, injustamente”, exemplifica.

O advogado é também presidente da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) da cidade. Mas Carlos se queixa que a idoneidade de toda a família foi afetada como um todo. Como o posto de "chefe dos Molina", apontado pela PF como sendo o policial investigado, mas cujo patriarca está prestes a completar 100 anos e, assim como o advogado, não tem nenhum envolvimento no esquema, ele garante. 

Aos 99 anos, Antonio Molina Sanches, tem além de 08 filhos, 27 netos, 40 bisnetos e 3 tataranetos. “Esse investigado, o Silvio, nunca representou e nunca representará a nossa família. Estamos todos nos sentindo lesados, prejudicados, mesmo sem envolvimento com o que é citado na investigação. Agora cabe a polícia e a justiça decidir sobre o andamento do caso, mas isso também não nos interessa. Acabamos sendo afetados por algo que não tem relação com a gente”, desabafa, em nome de parte dos familiares.

Laços de família

O policial militar Silvio César Molina foi preso, preventivamente em junho, apontado como o chefe da organização que lucrava com o tráfico de drogas por todo o país. Além do tráfico, a operação fechou, com autorização da Justiça Federal, 10 empresas suspeitas de serem utilizadas na engrenagem da lavagem de dinheiro. Outras 50 pessoas seriam laranjas no esquema.

A operação foi as ruas em 5 estado para cumprir 230 mandados de prisão, apreensão e sequestro de bens. Ao menos 21 foram presas, 15 delas em Mato Grosso do Sul – 2 mulheres e 12 homens, sendo 2 presos temporários e 10 homens presos preventivamente.

Para a Operação Laços de Família, foram expedidos no total 20 mandados de prisão preventiva, 2 de prisão temporária, 35 de busca e apreensão em residências e empresas, 136 de sequestros de veículos, 7 mandados de sequestro de aeronaves (helicópteros), 5 de sequestros de embarcações de luxo (incluindo o de um iate usado pelo PM considerado o cabeça do esquema e pela família dele para lazer) e 25 mandados de sequestro de imóveis(apartamentos, casas, sítios, imóveis comerciais).

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