Com parente investigado pela PF, advogado teme risco de generalização
Uma família tradicional, conhecida por todos pelo pioneirismo em um município pequeno, com cerca de 18 mil habitantes. Mas que se viu abalada após ter o nome associado a uma investigação da Polícia Federal. Assim descreve o advogado de Mundo Novo, Carlos Molina, que teve seu nome e de familiares próximos, atrelado a uma série de denúncias, depois que um outro familiar, o policial militar Silvio César Molina, passou a ser investigado na Operação Laços de Família.
Silvio é apontado pela Polícia Federal como chefe de uma quadrilha, ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e que, segundo as investigações, lucrava com o tráfico de maconha por todo o país. De acordo com o advogado e que é também bancário, parte da família, que nunca sequer manteve contato frequente com o suspeito, sofre as consequências das acusações.
“Os principais prejudicados acabaram sendo nós, mesmo sem ter nenhum envolvido com as denúncias. A prova disso é que tanto o meu nome, de meu pai ou outros familiares mais próximos, nunca foram nem citados no inquérito. Mas gerou um mal entendimento enorme entre os moradores”, comenta Carlos.
O advogado explica que a família é uma das mais tradicionais do município, chegou a região antes mesmo da emancipação e por conta disso são conhecidos por muitos moradores, como é comum em cidades pequenas do interior. Mas do dia para a noite viram toda a rotina alterada.
“Mesmo eu e minha família sempre tendo um trabalho social muito importante na cidade, passamos a atrair a desconfiança das pessoas. Presido uma instituição que depende de doações. Tenho uma visibilidade por ser bancário, tenho meus clientes como advogado. Tudo isso foi comprometido, injustamente”, exemplifica.
O advogado é também presidente da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) da cidade. Mas Carlos se queixa que a idoneidade de toda a família foi afetada como um todo. Como o posto de "chefe dos Molina", apontado pela PF como sendo o policial investigado, mas cujo patriarca está prestes a completar 100 anos e, assim como o advogado, não tem nenhum envolvimento no esquema, ele garante.
Aos 99 anos, Antonio Molina Sanches, tem além de 08 filhos, 27 netos, 40 bisnetos e 3 tataranetos. “Esse investigado, o Silvio, nunca representou e nunca representará a nossa família. Estamos todos nos sentindo lesados, prejudicados, mesmo sem envolvimento com o que é citado na investigação. Agora cabe a polícia e a justiça decidir sobre o andamento do caso, mas isso também não nos interessa. Acabamos sendo afetados por algo que não tem relação com a gente”, desabafa, em nome de parte dos familiares.
Laços de família
O policial militar Silvio César Molina foi preso, preventivamente em junho, apontado como o chefe da organização que lucrava com o tráfico de drogas por todo o país. Além do tráfico, a operação fechou, com autorização da Justiça Federal, 10 empresas suspeitas de serem utilizadas na engrenagem da lavagem de dinheiro. Outras 50 pessoas seriam laranjas no esquema.
A operação foi as ruas em 5 estado para cumprir 230 mandados de prisão, apreensão e sequestro de bens. Ao menos 21 foram presas, 15 delas em Mato Grosso do Sul – 2 mulheres e 12 homens, sendo 2 presos temporários e 10 homens presos preventivamente.
Para a Operação Laços de Família, foram expedidos no total 20 mandados de prisão preventiva, 2 de prisão temporária, 35 de busca e apreensão em residências e empresas, 136 de sequestros de veículos, 7 mandados de sequestro de aeronaves (helicópteros), 5 de sequestros de embarcações de luxo (incluindo o de um iate usado pelo PM considerado o cabeça do esquema e pela família dele para lazer) e 25 mandados de sequestro de imóveis(apartamentos, casas, sítios, imóveis comerciais).