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Cidades

Delator vai ter prisão domiciliar e prometeu devolução de R$ 3 milhões

Pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, apontado como operador de Puccinelli em esquema de propinas, revelou como tudo funcionava em colaboração premiada

Anahi Zurutuza e Marta Ferreira | 14/11/2017 13:50
Foto de Ivanildo publicada em coluna social (Foto: Reprodução)
Foto de Ivanildo publicada em coluna social (Foto: Reprodução)

Delator da Operação Lama Asfáltica, o pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, de 59 anos, se comprometeu a devolver aos cofres públicos R$ 3 milhões em seis parcelas. Além disso, ele prometeu entregar registros das viagens que fazia para buscar remessas de dinheiro destinadas ao ex-governador André Puccinelli (PMDB).

Ivanildo procurou a Polícia Federal e prestou depoimentos em julho deste ano. O acordo de colaboração premiada foi apresentado e homologado em agosto pelo juiz federal Fábio Luparelli Magajewski, substituto na 3ª Vara Criminal Federal de Campo Grande.

Consta no termo de acordo que o produtor rural, quando condenado pelos crimes que confessou ter cometido, cumprirá pena em prisão domiciliar sem tornozeleira eletrônica, conforme pedido feito pela defesa dele alegado que o cliente tem diabetes.

O delator é apontado pela investigação como o operador de André Puccinelli (PMDB) em esquema de cobrança de propinas de empresas durante a gestão do ex-governador. Ele revelou, dentre outros detalhes, que entregava dinheiro em espécie para o ex-chefe do Executivo ao menos duas vezes por mês.

Ivanildo diz ter sido operador do esquema de 2006 a 2013. Ele teria sido substituído pelo ex-secretário adjunto de Estado de Fazenda, André Luiz Cance, segundo a Polícia Federal.

Puccinelli foi preso preventivamente nesta terça-feira (14), assim como o filho dele, André Puccinelli Júnior.

Frigoríficos - Ainda conforme as investigações, o ex-governador seria o comandante do esquema e teria recebido R$ 20 milhões oriundos de propina, pagas somente pela JBS. Mas, na delação, Ivanildo revela pagamento de valores irregulares também pelos frigoríficos Bertin, Marfrig e Independência.

O pecuarista disse à Polícia Federal que entregaria o diário de bordo da aeronave que usava para ir até Lins (SP) onde recebia dinheiro do grupo Bertin.

No banco de trás da viatura, Puccinelli deixa casa dele em direção à Polícia Federal (Foto: André Bittar)
No banco de trás da viatura, Puccinelli deixa casa dele em direção à Polícia Federal (Foto: André Bittar)
André Puccinelli Júnior ao deixar o endereço onde mora, no Edifício Gran Tower, para ser levado à PF (Foto: Bruna Kaspary/Arquivo)
André Puccinelli Júnior ao deixar o endereço onde mora, no Edifício Gran Tower, para ser levado à PF (Foto: Bruna Kaspary/Arquivo)

Papiros de Lama - A Polícia Federal, em conjunto com a CGU (Controladoria Geral da União) e a Receita Federal, deflagrou nesta manhã a 5ª fase da Operação Lama Asfáltica, batizada de Papiros de Lama. Além de Puccinelli e do filho dele, também foram presos os advogados Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves, ambos ligados ao Instituto Ícone, de ensino jurídico, e portanto, a Puccinelli Júnior.

Seis pessoas foram levadas para depor (alvos de mandados de condução cercitiva): André Cance, João Maurício Cance, João Amorim, João Baird, Mirched Jafar Júnior e Antonio Celso Cortez.

A PF foi também às ruas de Campo Grande, Aquidauana, Nioaque e São Paulo (SP) vasculhar 24 endereços.

Conforme a PF, a operação tem como alvo uma organização criminosa que teria causado pelo menos R$ 235 milhões em prejuízos aos cofres públicos.

Bens das pessoas investigadas, que somam R$ 160 milhões, foram bloqueados.

Lama Asfáltica - A quarta fase da Lama Asfáltica, que também teve o ex-governador como principal alvo, foi deflagrada no dia 11 de maio. A Polícia Federal saiu às ruas de Campo Grande e mais cinco cidades para prender três pessoas, levar outras nove para depor e fazer busca em 32 endereços em busca de provas contra suposta organização criminosa investigada por desvio de dinheiro público.

A primeira etapa da operação foi em 2015, com base em investigações que começaram em 2013 e sobre o período de 2011 a 2014.

A quarta etapa da operação foi batizada de Máquinas de Lama porque investigadores apuraram que parte dos pagamentos de propina era feito por meio do aluguel de maquinário. Outras fases foram nomeadas Fazendas de Lama e Aviões de Lama.

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